OPINIÃO: “E agora, quem poderá nos ajudar?”

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A pergunta no título desta matéria ficou famosa por causa do seriado mexicano Chapolin Colorado, exibido durante muitos anos no Brasil pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Criado e estrelado pelo ator e escritor Roberto Gómez Bolaños, a série parodiava os heróis norte-americanos e fazia constantemente críticas sociais em relação à América Latina. Personagens da trama sempre pronunciavam a pergunta cada vez que um perigo iminente as ameaçava. Em resposta, o disposto e atrapalhado protagonista sempre aparecia gritando: “Eu, o Chapolin Colorado.”

Parece brincadeira, mas não é. Esta é exatamente a pergunta mais apropriada para os quixadaenses: E agora, quem poderá nos ajudar?

Em 2012, o povo de Quixadá foi às urnas e, na esperança de mudar os rumos do município, elegeu como Prefeito o empresário João Hudson Bezerra. Embebecido pelas promessas de mudança, o povo confiou que o novo prefeito, cuja imagem de homem simples havia sido vendida durante toda a campanha, fosse exatamente o que a Terra dos Monólitos precisava para imprimir uma nova maneira de se fazer política. Nada mais do que desenvolvimento e progresso eram esperados. Um ano e três meses depois, porém, sufocado pelo absoluto caos administrativo, o povo se sente quase refém da própria escolha democrática.

Salários atrasados, ausência de projetos significativos, divisões internas no próprio centro do poder local, colapso total dos serviços de saúde, exposição negativa em rede nacional, secretários que mudam a todo momento, máquina administrativa engessada e um prefeito que não se permite ir à Câmara Municipal – dita Casa do Povo -, dar satisfações pela impressionante inaptidão de sua gestão, tudo isso e mais algumas coisas, faz com que o povo comece a sentir medo do que o futuro possa ainda trazer.

Diante do completo descaso a que Quixadá está entregue, precisamos perguntar: e agora, quem poderá nos ajudar? 

De fato, o sentimento comum nas ruas e nas redes sociais é de revolta. Quixadá é um dos municípios que mais arrecadam, perdendo apenas para Quixeramobim, que o ultrapassou em 2013. E apesar disto, estamos passando o vexame de pedir soro fisiológico emprestado à pobre Ibaretama. Os filhos da outrora referencial Terra dos Monólitos precisam comprar material para serem atendidos no Hospital Eudásio Barroso. Isto é uma vergonha. Cidadãos pagam impostos para terem à disposição este e outros serviços. Cada vez que um paciente vai à farmácia comprar material para ser atendido no hospital, isto se trata, em primeira e última análise, de um verdadeiro assalto, digno de Boletim de Ocorrência, denúncia no Ministério Público, abertura de representação criminal e o que mais o cidadão tenha direito de fazer para se defender.

Enquanto o desmantelo se agiganta diante da sociedade quixadaense, sufocando a sua garganta até impedir-lhe a última passagem de ar, a politicagem e os acordos que objetivam tão somente a perpetuação do poder dominam o cenário. Os vereadores nem sequer conseguem obrigar o prefeito a ir ao plenário se justificar. Em 2013, o vereador que mais fez denúncias formais ao Ministério Público foi o novato Kelton Dantas e, mesmo assim, suas denuncias foram apenas duas. A base de apoio ao governo de João Hudson é forte e, em geral, consegue impedir que o executivo seja pressionado com mais força pelo corpo de parlamentares. Cada vereador que impede maior fiscalização e maior cobrança é tão responsável pelo caos quanto o próprio poder a que, por ofício, destina-se a fiscalizar.

Recentemente, um segmento da mídia quixadaense atribuiu a apenas dois secretários, João Luiz e Weibber Cavalcante, toda a culpa pelo desastre administrativo. Por maior que seja o poder de decisão destes senhores, isto de modo algum pode ser verdade.

O principal responsável pelas características do caos que se abateu e que finca raízes cada vez mais profundas em Quixadá, desde 1º de janeiro de 2013, tem nome: João Hudson Bezerra. “Mas ele é inocente na política, não sabe o que faz, é facilmente manipulado”, talvez diga alguém. E o que importa? Não é ele o prefeito legitimado pelo povo? Tudo o que de bom ou de ruim acontece em Quixadá e que, por ascendência dos fatos sequenciais, tem a gestão como fonte, é da inteira e direta responsabilidade do Prefeito.

Em uma prefeitura, o prefeito é o botão que liga e desliga, e as coisas só acontecem pela sua permissão, ou ingerência, ou negligência, ou cumplicidade. Se não tiver suficiente habilidade ou se não se sente a figura mais apropriada para dirigir a coisa toda, não deveria o homem honrar a própria história e pedir para sair? Até Pontífices fazem isto. Nada, porém, indica que João Hudson planeja fazer um gesto tão nobre, que é o de reconhecer as próprias limitações e, com a modéstia que caracteriza os gigantes, afastar-se. João insiste em tentar tirar água da rocha, o que só se faz por muita fé ou, na ausência desta, por uma boa medida de teimosia inconsequente. Enquanto ele planeja persistir no cargo, correndo o risco de entrar para a história de Quixadá de maneira nada agradável, “parceiros” planejam abandoná-lo no primeiro raiar do sol após as eleições deste ano. Tudo é muito, mas muito lamentável!

E agora, diante de tudo isto, quem assumirá para nós o papel do Chapolin Colorado? Quem poderá nos ajudar? E se ninguém aparecer com um martelo de borracha e anteninhas para nos socorrer, teremos nós a capacidade de ir às ruas para construir, com mãos pacíficas, a solução que tanto precisamos? Se o povo tiver tal capacidade, talvez possa, no final, tal qual o Chapolin Colorado, dizer outra de suas mais notáveis assertivas, que é a seguinte: “Não contavam com a minha astúcia.”

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Comentários

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  1. Jaime, talvez vc não publique o que vou escrever, como vem acontecendo ultimamente, mas eu sempre alertei a população várias e várias vezes: ” O JOÃO NÃO É ESSE INOCENTE QUE VCS ESTÃO PENSANDO”. Ele é calculista e juntamente com o irmão dele – o marcos contador, que aliás recebe o salário da prefeitura, mas trabalha no próprio escritório de contabilidade dele -, é quem realmente estão ARROMBANDO o Quixadá.

  2. Faco jus,ao sr Paulo José…jaime parabens pela retrospectiva resumida.olha gente…nunca tinha visto uma administracao desastrosa em Quixada como essa!o povo tem que ir as ruas,e deixar de ser acomodado,vejam o exemplo do povo da vizinha Quixaramobim,dia 09/0414,irao fazer um ato contra a violencia que se assombra Na regiao,o povo de Quixada tem que fazer o mesmo…pra que violencia maior que esse senhor(prefeito),esta fazendo com a imagen do nosso Quixada!e triste isso Viu…boa tarde.

  3. Mais uma vez parabéns pela matéria Jaime Arantes, texto excelente e que retrata todo o descaso de Quixadá, e o culpado por isso tem nome chama-se João Hudson Bezerra. Pois se ele é o prefeito, se ele é quem manda então ele é omisso, conivente ou cumplice te tudo, repito tudo, que acontece nessa administração.

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