Monólitos Post

Possivelmente nenhum prefeito recebeu tantas críticas em toda a história administrativa de Quixadá do que João Hudson Rodrigues Bezerra. Sites e blogs, rádios e redes sociais, boca-a-boca de rua e as conversas de calçada: praticamente ninguém pegou leve com o gestor. E ele está apenas na metade do mandato! Também, nunca se viu tantos motivos legítimos para críticas. Nas mãos do homem da sapataria, Quixadá parece ter regredido ao final da década de 80!

Diferente do que a maioria dos prognósticos apontavam, porém, João Hudson atravessou 2014 incólume. O homem parece ser munido de super poderes. Não diz coisa com coisa quando dá entrevistas, mal fala com a imprensa, é pouco comunicativo. Nem uma assessoria de comunicação caprichada possui. E qual o problema? Parece que João não está nem aí para o que dizem. Como prefeito, assemelha-se a um ogro incomodado com os mosquitos a tentar pousar em seu nariz. Com seus dedos grandes e grossos, do seu jeito desajeitado, ele vai dando chulipa na oposição, o mosquito nessa comparação.

O ano de 2014 foi sui generis quanto às batalhas políticas que tinham o prefeito como centro de tudo. Se havia um ano no qual João deveria ter caído, foi este de 2014. Ele enfrentou uma CPI, uma manifestação popular em 1º de maio que ensaiou gigantismo, pesadíssimas investigações do Ministério Público, Operação isso e Operação aquilo, um pedido de cassação enviado à Câmara pelos promotores do município e uma metralhadora com munição infinita chamada imprensa. E nada! Enquanto prefeitos de municípios vizinhos eram afastados de seus cargos, João atravessava o campo de batalha comendo algodão doce, lambendo os dedos e cantarolando. Quando as balas zuniam em seu ouvido, ele olhava de relance e dizia a Deus e ao mundo, mais calmo que o Mestre Yoda: “Só quero o bem do Quixadá!”

A CPI não deu em nada. Um bingo apagou a manifestação do dia 1º de maio. As denúncias do Ministério Público nem sequer arranharam sua pele na justiça. As operações não mostraram resultado nenhum, pelo menos não ainda. Os promotores que enviaram o pedido de cassação à Câmara tiveram suas participações em plenário cassadas pela bancada governista, num episódio nunca antes testemunhado em nenhum município do mundo. E a imprensa é só uma mutuca incômoda, para a zoada da qual João nem liga. Os resultados de toda a oposição a ele talvez sejam vistos mais tarde, quem sabe em 2016, mas em 2014 João triunfou em absoluto em todas as batalhas que travou.

Para coroar o fim de ano do prefeito, o vereador Duda, seu indicado particular para a presidência da Câmara, ganhou a eleição. Não somente isso, mas João pegou três dos mais ferozes vereadores de oposição, Kelton Dantas, Luis do Hospital e Capitão, enrolou num papel de pão e colocou no bolso. Como resultado, sua bancada na Câmara inicia o ano de 2015 super fortalecida. João construiu uma muralha ao redor de si.

De fato, o couro do prefeito encaliçou. O que vier pela frente não lhe fará sentir nem cócegas. Com a Câmara nas mãos, as chances de destroná-lo ficam restritas à seara do poder judiciário, essa tartaruga velha. João só solta o osso em 2016, e considerando a porcentagem politizada do eleitorado, não será nenhuma surpresa se ele se transformar num Super Sayajin e vencer o próximo pleito eleitoral.

Ao lado de seus 160 assessores de gabinete, João Hudson prossegue sua jornada, agora nas terras de 2015. Ele promete regularizar plenamente a situação salarial dos servidores em fevereiro, organizar um calendário de pagamento, renovar a gestão da saúde, etc, etc, etc. Quanto ao resto do mundo, deve apenas relaxar e curtir a viagem. Foi isto que a democracia escolheu em 2012. Agora resta chupar essa manga todinha.