Segundo pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), oito em cada dez brasileiros possuem a intenção de gastar o 13º salário em compras de fim de ano.
A ideia inicial desse benefício era justamente dar ao trabalhador um dinheiro extra nessa época do ano, mas será que essa é a maneira correta de desfrutar deste recurso?
Para o educador financeiro e autor do best-seller Terapia Financeira (Editora DSOP), Reinaldo Domingos, dinheiro extra não deveria ser utilizado para quitar dívidas e nem fazer novas compras. “Esses valores deveriam ser poupados e destinados para a realização dos sonhos, afinal de contas, o correto é planejar e ter dívidas que caibam no orçamento mensal”.
Um dado interessante da pesquisa é que, desse total, 55% disseram que vão utilizar apenas uma parte do valor para comprar presentes e 27% informaram que pretendem gastar todo o dinheiro extra em compras. “É interessante saber que mais da metade não pretende usar todo o dinheiro para essa finalidade. Mas ainda tem muita gente com a ideia contrária, e essa mentalidade só mudará com educação financeira”, ressalta Domingos.
Entre aqueles que não vão gastar o 13º em compras para o Natal, 46% disseram que querem poupar e investir o dinheiro, 24% responderam que vão usar para pagar dívidas, 14% vão gastar com viagem e 5% ainda não sabem o que vão fazer. Segundo o educador financeiro, seguindo alguns passos, é possível decidir o que deve fazer com o montante recebido.
Primeiramente, deve-se saber em que situação financeira se encontra. Se estiver endividado, não se deve utilizar o dinheiro para pagar imediatamente a dívida, pois assim se combaterá apenas a causa e não o efeito, o ideal seria conseguir resolver esse problema com os ganhos mensais.
Contudo, se a pessoa já estiver inadimplente, a situação se complica, assim é necessário saber exatamente o que se deve e para quem, dando prioridade às dívidas de maior juro, como cheque especial e cartão de crédito. “E, antes de sair usando o 13º para quitá-las, conversar com o credor e tentar negociar, conseguindo desconto / melhores condições de pagamento. Lembrando que as taxas não devem passar de 2,5% ao mês”, diz Domingos.
Aos que não devem, mas também não poupam, o educador recomenda muita cautela, pois qualquer descontrole poderá fazer com que se torne um endividado e até inadimplente, da noite para o dia. “Pelo menos uma parte do 13º deve ser poupado e investido, com o objetivo de formar uma reserva financeira. Assim, começará a criar o hábito de poupar para realização de sonhos também”.
Para os investidores, mesmo que iniciantes, Domingos explica que a melhor opção para utilizar o 13º é continuar investindo, tendo sempre um objetivo, seja ele comprar uma casa, trocar de carro ou fazer uma viagem. “A conclusão que podemos tirar é que dinheiro extra na economia, sem dúvida nenhuma, é muito positivo, desde que utilizado de maneira consciente, com educação financeira”.
Sobre as compras de fim de ano, o educador desenvolver algumas orientações básicas para gastar sem comprometer o orçamento financeiro e não começar 2015 endividado:
1) Por maiores que sejam as facilidades de compra nesse momento, o consumidor deve observar a sua real situação financeira e projetá-la pelos próximos 12 meses, no mínimo, para ter certeza de que o que foi gasto não fará falta;
2) Relacionar os gastos normais e os típicos de fim e início de ano, como despesas com viagens, ceias (natal e virada de ano), IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, etc.;
3) É importante observar que, antes de ir às compras, deve-se guardar parte desse dinheiro para outros sonhos (objetivos e metas);
4) Antes de sair às compras, listar as pessoas que irá presentear e quanto pretende gastar com cada uma;
5) Antecipar as compras, evitando, assim, filas. Dessa forma, encontrará preços melhores e terá maior prazo para negociação;
6) Pesquisar os preços dos produtos em, pelo menos, cinco lugares, não se esquecendo da internet, que, algumas vezes, pode ter ofertas interessantes;
7) Buscar o menor preço à vista e negociar os valores sempre;
8) Evitar parcelamentos, principalmente os longos. Em caso de impossibilidade de pagamento à vista, faça parcelas curtas. Não se esqueça de que essas parcelas serão somadas com outras já existentes em seu orçamento.