O resultado do Datafolha para o governo do Estado divulgado nesta quinta-feira, 23, apresentou o candidato Camilo Santana com 14 pontos à frente de Eunício Oliveira. É impossível não considerar que o petista tem grandes chances de vencer o pleito estadual e se tornar o próximo governador do Ceará, especialmente se a divulgação dos resultados da pesquisa acabar desequilibrando a campanha adversária.
Para Quixadá, as implicações de uma eventual vitória de Camilo Santana parecem claras e, por que não dizer, surpreendentes.
A vitória do petista tendenderia a não beneficiar o grupo de Ilário Marques, embora este último seja o próprio presidente do diretório do PT neste município. Vale lembrar que em 1º de janeiro de 2015 a Deputada Rachel Marques, esposa de Ilário, será ex-deputada, e não terá apoio para oferecer a Camilo na Assembleia Legislativa. Restará a ela contentar-se com um bom cargo no governo, tal como ocorrerá também com seu marido.
Este, porém, não é o caso de Osmar Baquit, reeleito para atuar na Assembleia e, assim, com voto parlamentar disponível para oferecer a Camilo como moeda de troca. Se Osmar trabalhar bem o território, um eventual governo de Camilo tenderia a dar ao grupo dele, e não ao de Ilário, o apoio do governo para a disputa municipal de 2016. Ilário sabe disso e com certeza manobrará até onde lhe for possível para reverter o quadro. Aparecer em 2016 numa chapa eleitoral ao lado do grupo liderado por Osmar Baquit seria o ponto mais dolorido de sua carreira política, ainda mais se as negociações sobre a cabeça de chapa não lhe forem favoráveis.
Ao fazer do amarelo – e não do tradicional vermelho – a cor predominante de sua campanha, e ao reduzir a simbólica estrela petista a um pingo da letra i em seus banners, Camilo mostrou que os interesses do PT não estão exatamente no topo de suas prioridades. O PROS dos Ferreira Gomes está sendo muito mais peitudo na campanha. Assim, caso Ilário escolha invocar a fidelidade à sigla em 2016, não seria nada surpreendente se Camilo simplesmente o ignorasse em favor das pretensões de Osmar Baquit. Quem deve estar mais contente com isto tudo é o sobrinho do deputado Osmar, o vereador Pedro Baquit, em cuja cabeça com toda certeza já passou o pensamento de surfar tranquilamente nesta onda de mudanças e se tornar o próximo prefeito da Terra dos Monólitos.
Outro efeito local interessante de uma eventual vitória de Camilo Santana seria o fortalecimento do nome do jovem vereador Higo Carlos, que não esconde de ninguém sua especial proximidade ao candidato petista. Caso trabalhe bem o território, usando essa anunciada proximidade com Camilo, Higo pode acabar forçando uma onda dentro do PT quixadaense que funcione a seu favor e em desfavor de Ilário Marques. Com agilidade, tudo é possível na política. Para tanto, resta saber se o couro do rapaz é suficientemente grosso. Sabedor de todas essas possibilidades, Ilário não deverá facilitar a vida da jovem liderança petista nos próximos meses, caso Camilo vença a eleição.
Todos esses efeitos sobre o PT de Quixadá no caso de uma eventual vitória de Camilo podem ser revertidos, é claro, mas demandará atuação esperta e sagaz de Ilário Marques e seu grupo. Ele poderia, por exemplo, buscar apoio no grupo de Luiziane Lins, mas isto demandaria mexer nos interesses de José Guimarães, que não descolará, a nenhum custo, de Camilo. A areia aí é movediça para Ilário. Finalmente, até que ponto os interesses da população entrarão no imbróglio resta esperar para ver. Política é política.
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