O Médico Cardiologista, Dr. Ricardo Silveira, possui um enorme repertório de histórias emocionantes que viveu em decorrência de sua profissão. Salvar vidas é aquilo no qual ele se empenha diariamente.
Nome que evoca expectativa política em alguns, bem como preocupação e rejeição em outros, Ricardo Silveira não nega que tem sim vontade de ajudar sua cidade usando a influência que possui. Diz que pertence atualmente a um grupo de amigos de Quixadá, e que acatará as decisões democráticas desse grupo para determinar os rumos que deve seguir na política.
Nosso entrevistado ajudou a eleger o atual prefeito de Quixadá, João Hudson, mas na entrevista abaixo explica as razões para a ruptura com a prefeitura e denuncia o que chama de “populismo barato e incompetente” que estaria sendo praticado pelo prefeito em “detrimento da meritocracia e zelo público”. Segundo ele explicará, sua “cabeça” foi pedida por um influente político da atual gestão, e isto resultou em sua exoneração do cargo de Secretário de Saúde.
Mesmo bastante ocupado com seus deveres profissionais, Ricardo Silveira aceitou participar do GENTE DA GENTE, no BLOG JAIME ARANTES, e gentilmente concedeu a entrevista a seguir.
JAIME ARANTES – Há quantos anos o Senhor exerce a medicina? Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional e ajude-nos a entender porque escolheu fazer o que faz.
RICARDO SILVEIRA – Ingressei na Universidade Federal do Pará no ano de 1994 e conclui no ano de 2000, tendo residido nesta cidade por quase 7 anos. Comecei minha vida na Medicina com pouco mais de 18 anos, um “jovem sonhador” e determinado a enfrentar o mundo na busca de seus sonhos .
Sem dúvidas, a minha família e em especial meus pais, foram peças fundamentais na minha decisão profissional. Nesta oportunidade em que morei em Belém tenho que agradecer a pessoas que contribuíram muito naquele determinante momento de minha juventude, entre elas, a família do Sr. Zequinha Capistrano, que através do mesmo, consegui morar gratuitamente na casa do Sr. César Brasileiro e, posteriormente, adotei como minha a família do meu amigo/irmão Gilmar Barros, que foi a família do Sr. Ernane Diniz e seu genro, meu grande amigo Celso Pinheiro e do Sr. Antonio Saraiva (in memorian), pessoas muito importantes na minha vida e a quem serei eternamente grato.
Depois de concluído Curso de Medicina voltei a morar em Quixadá e por não ter tido a oportunidade de trabalho, fui trabalhar em Quixeramobim, onde trabalhei por quase dois anos no PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA.
No final de 2001, após ter sido aprovado, fui morar na Cidade de São Paulo para realizar Residência Médica em Cardiologia nos Hospitais Beneficência Portuguesa de São Paulo e Instituto Dante Pazzanese, onde trabalhei durante longos quatro anos, tendo concluído Especialização e Pós Graduação em Cardiologia Clínica e Cardiologia Intervencionista.
Gostaria de registrar meu agradecimento e reconhecimento à ajuda que tive do colega e amigo Adriano Melo. E no final de 2007, retornei à minha cidade Quixadá.
JAIME ARANTES – Há algum caso que o senhor tenha cuidado em sua profissão que o emocionou especialmente? Poderia descrever para nós?
RICARDO SILVEIRA – Falar da minha profissão e particularmente de minha especialidade (Cardiologia Intervencionista) sempre é um momento de muita emoção. Não desmerecendo as outras especialidades. Mas imagine você lidar diariamente com pacientes que estão lutando contra a morte, pacientes que estão procurando sua ajuda para se restabelecer de um problema cardíaco, sendo que muitas vezes, referimo-nos a patologias graves, acarretando invariavelmente para um caminho sem volta.
E na nossa região, especificamente, é costumeiro lidarmos com uma população pobre, que em muitos casos os pacientes não dispõem de recursos financeiros para custear o seu tratamento de saúde. Mas tento contribuir diariamente para amenizar essa problemática, atendendo gratuitamente inúmeros pacientes no meu consultório, até mesmo por ter aprendido com meu pai a fazer medicina por devoção e não por interesse financeiro, e digo-lhe mais: nunca um paciente voltará sem ser atendido no meu consultório por falta de recurso financeiro! Inclusive já realizei quase MIL cateterismos cardíacos a pacientes carentes de nossa cidade pelo SUS .
Mas você me perguntou sobre um caso de um paciente que me marcou!
Recentemente tive um paciente que passou por uma situação muito marcante. Esse paciente compareceu ao meu consultório em uma sexta feira por volta das nove horas da manha. Ao examiná-lo, percebi que se tratava de um caso grave, inclusive com sério risco de perder a vida. O paciente encontrava-se com uma Síndrome Coronariana Aguda, uma situação extremamente delicada. É como fosse um “pré Infarto”, onde necessitaria realizar o mais rápido possível um cateterismo cardíaco e Angioplastia ( Desobstrução do Vaso).
Os próprios pacientes que estavam aguardando atendimento no meu consultório testemunharam o estado em que o paciente chegou. Fiz uma carta pedindo a rápida transferência do mesmo para o Hospital de Messejana, e o próprio colega que estava no Eudasio Barroso percebeu a necessidade de transferir o paciente com agilidade, só que para nossa infelicidade, o irmão do paciente telefonou-me por volta das 16 hs , ou seja, quase 7 horas após o paciente ter sido avaliado, dizendo que estava saindo do Eudasio Barroso para comprar credito para o celular para poder ligar para o Hospital de Messejana, pois o nosso hospital não disponibilizava de telefone para solicitar a vaga no Hospital de referência, no caso o Hospital de Messejana. Um VERDADEIRO ABSURDO!
Por sorte e vontade divina, o paciente foi encaminhado para Fortaleza e logo em seguida transferi o mesmo para o Prontocardio, onde realizamos o tratamento necessário e, em poucos dias depois, ele retornou para junto da sua família com saúde e em paz. E na semana seguinte chegou ao meu consultório com o sorriso no rosto nos agradecendo por ter salvado a sua vida.
Isso incentiva-nos a continuar com amor a nossa profissão, em saber que você foi responsável direto na sobrevivência de uma pessoa e, principalmente, por saber que estamos exercendo com dignidade a profissão que escolhemos.
Outro caso também que até hoje lembro com muita emoção foi quando o meu avô Materno, há alguns anos atrás precisou ser submetido a um cateterismo, e perguntei a minha avó se ela queria que eu indicasse outro Cardiologista, pois devido o envolvimento familiar achava mais prudente que outro colega realizasse o procedimento. Mas ela após reunir com minha mãe e com meus tios, decidiram que eu que tinha que fazer o Cateterismo. Confiavam em mim e queriam que eu fizesse o cateterismo do meu avô. Na oportunidade fiquei com certa preocupação, pois se tratava de um ente familiar. Minha avó, nesse momento, disse-me que se responsabilizaria, mas não aceitava outro medico, e que tinha que ser “eu”.
Dessa forma não tive outra opção: realizei o procedimento e que graças a Deus foi um sucesso. Mas sem dúvidas me colocou diante de um momento muito desafiador e que me marcou profundamente.
JAIME ARANTES – O que o senhor pensa acerca do programa Mais Médicos, do Governo Federal?
RICARDO SILVEIRA – Todas as medidas para levar médicos para o interior e, em especial, para atender as pessoas mais carentes, sempre terão meu apoio. Mas nesse caso em questão, acho uma atitude politiqueira e que não irá solucionar essa problemática.
Senão vejamos: se essa atitude de alocar profissionais de outros países para o Brasil fosse pensando nas pessoas e nos profissionais médicos, porque eles não pagam diretamente aos médicos? Porque em vez disso eles vão enviar esse dinheiro para o governo Cubano? Absurdo!
Acredito que as principais atitudes para atrair médicos para o interior do nosso país são:
1) Fazer planos de carreira de Estado através de concursos públicos; 2) Salário digno; 3) Investir em infra-estrutura, tanto nos postos de saúde, quanto nas redes Hospitalares, ofertando condições decentes e dignas de exercer a Medicina, onde esses médicos teriam estabilidade e segurança para levar sua família para residir nos interiores. Pois, dessa forma , não ficariam à mercê de alguns prefeitos, que em muitos casos dão “calote” nesses profissionais, fazendo com que fiquem totalmente desmotivados a exercerem sua profissão nestas localidades.
Além de que TODOS os médicos para exercerem sua profissão em outro país precisam realizar uma prova de conhecimentos médicos para poder exercer sua profissão, que no caso do Brasil é o REVALIDA, e no caso desse programa politiqueiro, o profissional não precisa passar por essa avaliação, correndo o risco de trazer profissionais totalmente despreparados para atender nossa sofrida população.
Enfim, acho que deveríamos investir mais em infra-estrutura, fazer planos de carreira de estado, senão vamos correr o seriíssimo risco de passar de seis meses para um ano esperando um Ecocardiograma, e de dois para três anos a espera de um Cateterismo Cardíaco!
JAIME ARANTES – O senhor foi secretário de saúde de Quixadá por um curto período durante a atual gestão do Prefeito João Hudson. Poderia nos esclarecer em que estado o senhor recebeu aquela pasta?
RICARDO SILVEIRA – Tomei posse na secretária de Saúde no dia dois de janeiro e fui demitido no dia nove, ficando apenas sete dias como secretário.
Encontrei uma secretaria com muitos problemas para serem resolvidos: pendência financeira com a Maternidade, alguns locais de trabalho totalmente sucateados (entre eles: Postos de Saúde, Hospital Municipal, sede da secretaria, farmácia), falta de medicamentos (recente incêndio na farmácia da secretaria), descontentamento com a central de marcação, funcionários da saúde insatisfeitos com as suas condições de trabalho, onde corretamente reivindicavam um plano de cargos e carreiras, agentes de saúde aguardando serem chamados há vários anos, etc.
Mas também encontrei importantes projetos em andamento: a UPA (Unidade de Pronto Atendimento, já no aguardo de construção), a reforma de alguns postos de saúde em andamento, a construção da academia da saúde em frente ao ginásio coberto, a quase conclusão da sala de tomógrafo no Hospital Eudásio Barroso, que até hoje está sem funcionar (outro absurdo), um aparelho de Raios-X, um Micro-ônibus para transportar os pacientes, doado pelo SESI, entre outros.
Vale ressaltar que no dia 29 de dezembro de 2012 a Presidente Dilma, inteligentemente, bloqueou todas as contas da saúde e liberou no inicio de janeiro de 2013. Apesar de muitas pendências a serem resolvidas, os novos secretários receberam suas pastas com dinheiro em caixa.
Finalizo essa pergunta dizendo: o desafio era grande, mas tinha muita confiança no nosso trabalho.
JAIME ARANTES – Quais eram os planos do Senhor para a pasta da Saúde da Prefeitura de Quixadá?
RICARDO SILVEIRA – Antes mesmo de assumir a Secretaria, percebi em grande parte da população uma enorme expectativa no meu nome. As pessoas estavam acreditando que iríamos desempenhar um grande trabalho.
Após ter sido convidado a ser Secretário de Saúde, passei a pensar 24 horas por dia como fazer para amenizar tantos problemas na saúde do nosso município. Modifiquei completamente minha carga horária em Fortaleza para dedicar-me à secretaria. Respirava e dormia pensando como resolver esses problemas. É tanto que em Dezembro , mesmo antes de assumir a secretaria e do prefeito tomar posse, fiz várias reuniões com os médicos, eu pessoalmente telefonei para vários médicos que tinham vinculo familiar em Quixadá, convidando-lhes para trabalhar na nossa cidade, até mesmo pelo fato de não ter tido oportunidade de trabalhar na minha cidade, queria proporcionar o contrário aos meus conterrâneos.
E, posteriormente, após ter conhecimento da atual situação da saúde do nosso município e ouvir varias pessoas, pude perceber que precisaríamos muito da ajuda do Governo Federal ( Ministério da Saúde ). Cheguei à conclusão que deveríamos procurar e pedir ajuda ao colega e amigo Odorico Monteiro, que atualmente exerce um importante cargo no ministério da saúde e sem duvidas poderia ajudar muito nossa cidade. E assim o fiz.
Procurei o Odorico e pedi a ele duas coisas: primeiro, que me apresentasse uma pessoa que pudesse nos ajudar na secretaria de saúde, principalmente na elaboração de projetos que atraíssem recursos para secretaria de saúde do nosso município e que tivesse influencia com o Ministro da Saúde; e a outra coisa que solicitamos foi uma conversa com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
No dia que ele veio para inaugurar o Hospital da Mulher em Fortaleza, em Dezembro, a Rane (Hoje é Secretaria de Saúde de Acopiara), que é Funcionária do Ministério da Saúde, inclusive ela iria trabalhar comigo na Secretaria de Saúde de Quixadá, nos proporcionou esse encontro com o Ministro da Saúde, o prefeito eleito de Quixadá e vários amigos.
Nesta conversa o Ministro disse que tinha ido a nossa cidade, e então pedi que ele cumprisse sua promessa de Campanha, que era trazer um novo Hospital para Quixadá. E ele, surpreso com nossa solicitação, pediu para irmos a Brasília para conversarmos sobre esse assunto (é muito triste saber que, dificilmente ele irá lembrar novamente desse compromisso com a nossa cidade).
Procurei também a esposa do Odorico, Ivana, e pedi à mesma que reativássemos o CRUTAC em Quixadá e que levássemos uma residência de saúde pública para nosso município. Ficou acertado que iriam oito médicos fazer residência em saúde pública em Quixadá (que pena que não foi concretizado essa parceria!).
Após assumir a Secretaria comecei a colocar em prática meus programas. Com menos de uma semana lancei um projeto que se chamava NASCER FELIZ, que começou no dia 10 de janeiro no distrito de Juatama, onde levaríamos Médico Radiologista a fazer Ultrassonografia em todos os distritos. Já que a população reclamava muito da Central de Marcação, achava importante descentralizar esses serviços e, além do mais, nossa Taxa de Mortalidade Materna nos últimos anos retratava uma grande preocupação. Nesse caso, as gestantes teriam prioridade nos atendimentos.
Pensava em muito curto prazo, até dizia às pessoas que andavam comigo, que colocaria em janeiro o Tomógrafo do Hospital Eudásio Barroso para funcionar. Passei a ir TODOS os dias ao Hospital Eudásio Barroso, que ao meu ver é um dos principais problemas enfrentados pelas últimas administrações: um hospital totalmente sucateado, sem a menor condição de funcionamento, com leitos insuficientes para atender a demanda da nossa região e ainda tinha um alvará da vigilância sanitária proibindo o funcionamento de grande parte do hospital. Ou seja: um caos total.
No dia em que fui demitido, estive pela manhã com o Secretário de Saúde do Estado, Arruda Bastos, falando sobre isso. E ele tinha me garantido que na semana seguinte iria a Quixadá para tentarmos encontrar uma solução.
Enfim, em tão pouco tempo, tínhamos planejado muitas ações. Infelizmente me foi tirado mais uma vez a oportunidade de trabalhar pelo meu município.
JAIME ARANTES – Qual foi a razão para a saída do Senhor da Secretaria de Saúde?
RICARDO SILVEIRA – Bem, vou responder essa pergunta falando o que já falei em algumas entrevistas que concedi em outros meios de comunicação: eu não pedi demissão, eu fui demitido.
Como falei em uma marcante entrevista que dei logo após a minha demissão: dediquei-me de corpo, alma e coração a essa secretaria e jamais iria sair com uma semana. O real motivo de minha demissão eu acredito, infelizmente, ter sido puramente político: a mando do Deputado da base aliada do prefeito.
Interpreto que o prefeito não teve pulso, nem habilidade política para lidar com essa situação. Gostaria de deixar bem claro que eu, Ricardo Silveira, em nenhum momento – e isso não faz parte de meu perfil ideológico nem político – falei mal ou denegri a imagem de qualquer político de Quixadá.
JAIME ARANTES – Como o senhor avalia a gestão das secretárias que o sucederam na pasta?
RICARDO SILVEIRA – Em relação às pessoas que me sucederam na secretaria de saúde, não tenho absolutamente nada contra elas, só acho que dificilmente um time vai pra frente com um “técnico” mal assessorado e acompanhado de algumas pessoas incompetentes e mal intencionadas.
JAIME ARANTES – Como o senhor avalia a gestão do Prefeito João Hudson no decorrer dos últimos oito meses?
RICARDO SILVEIRA – A gestão atual, na qual não posso isentar-me da responsabilidade de ter contribuído para lograr êxito nesta última eleição, está enfrentando o maior caos administrativo das últimas décadas, onde um populismo barato e incompetente existe em detrimento da meritocracia e do zelo público.
O que nós observamos hoje é um nepotismo desenfreado e um prefeito incompetente, mal assessorado e, como já falei, acompanhado por algumas pessoas mal intencionadas e por políticos descompromissados com a nossa cidade. O prefeito, ao invés de estar realizando projetos que atraiam recursos para nosso município, está preocupado em vigiar buracos sendo tapados no meio de nossas ruas.
Gostaria de ressaltar que não podemos generalizar, pois acredito que alguns secretários são capacitados para exercerem suas atividades, como é o caso do amigo João Luis (Secretario dos Esportes), entre outros, apesar de achar que dificilmente eles irão executar todos os programas que intencionaram. Triste realidade, mas espero que essa entrevista sirva para que possam refletir.
JAIME ARANTES – Como estão os planos para a implantação do tão sonhado Hospital do Coração em Quixadá?
RICARDO SILVEIRA – O Hospital do Coração é um grande sonho no qual venho me empenhando há vários anos. Interpreto que a gratidão e o reconhecimento são uma das maiores e mais difíceis qualidades do ser humano. Partindo dessa premissa, gostaria de agradecer o apoio que tive desde o inicio desse projeto por parte de Dom Adélio e do José Nilson.
Quando procurei Dom Adélio, não o conhecia. Cheguei à casa dele, identifiquei-me e fui prontamente atendido. Mostrei a ele um projeto que tínhamos feito, expliquei da importância desse projeto, o que representaria para nosso município e para nossa região esse Hospital. Durante nossa conversa ele telefonou para o Zé Nilson e ele veio participar. Recordo-me de um trecho da conversa, onde Dom Adélio diz “que foi Deus que enviou o senhor à minha presença”, pois sabiamente percebeu que iríamos salvar muitas vidas e ajudar muitas pessoas.
Posteriormente, com a Engenheira Milene, começaram as obras, no entanto antes de mudar de Bispo, as obras que estavam bem adiantadas foram paralisadas e depois assumi e dei continuidade até a sua conclusão.
Importante ressaltar também que, após Dom Ângelo assumir a Diocese, tivemos seu total e irrestrito apoio a esse nosso projeto. Acontece que, infelizmente, no Brasil quando dependemos da política – nesse caso precisamos do convênio com o SUS – temos uma morosidade enorme, e quando não temos apoio de nenhum político local as coisas se tornam ainda mais difíceis. Não se justifica termos um HOSPITAL DE CARDIOLOGIA com 10 leitos de UTI, 52 leitos de enfermaria, sala de cateterismo, sala de parada cardíaca, sala de eletrocardiograma, dois consultórios médicos PRONTOS PARA FUNCIONAR e não conseguirmos. UM VERDADEIRO ABSURDO!
Tenho tido várias reuniões com o secretário de Saúde do Estado, Arruda Bastos, e há poucos dias atrás tive uma conversa demorada com o Governador Cid Gomes, intercedida pelo Deputado Federal José Arnon, onde o próprio Governador ligou para o Secretário de Saúde do Estado pedindo para ajudar-nos na concretização desse projeto. Aproveitei a oportunidade e pedi ao Governador que olhasse um pouco mais para nossa cidade, inclusive pedi para viabilizar o curso de Medicina.
Esperamos ansiosamente que nesses próximos dias possamos ter realmente uma definição sobre os inícios das nossas atividades no Hospital do Coração.
JAIME ARANTES – Algumas pessoas dizem que parece existir um enorme abismo político entre Baquits e Silveiras. Onde começou isso?
RICARDO SILVEIRA – Na realidade caro Jaime, o que acontece é o que falei em uma entrevista que concedi noutra oportunidade, que diz o seguinte: “compromisso não precisa ser feito, mas se for feito, tem que ser cumprido.” Aprendi isso observando meu pai como político, pois sempre honrou seus compromissos.
E o que acontece com o político dessa outra família é que ele não cumpriu um compromisso que tinha comigo. E o pior: nas eleições passadas, onde após ter dito publicamente apoiar meu nome, ficou paquerando com o candidato adversário, chegando por inúmeras vezes a quase fechar um acordo. Só não fechou esse acordo porque o candidato do PT não aceitou seu sobrinho como candidato a vice prefeito.
Então, por essas e outras razões, inclusive porque que talvez ele tenha pedido minha “cabeça” na secretaria de saúde.
Mas, infelizmente, quem perdeu não fui eu, e sim a população carente de minha cidade.
JAIME ARANTES – Atualmente, como o senhor descreveria o tipo de relacionamento entre o grupo político dos Silveiras, em Quixadá, e o grupo político de Ilário Marques? Vê alguma possibilidade de apoio mútuo?
RICARDO SILVEIRA – Apesar da minha família, precisamente meu pai, ter apoiado o Ilário em algumas oportunidades, eu, Ricardo Silveira, apesar de não ter nada contra sua pessoa, nunca votei no Ilário Marques.
Tenho várias restrições à sua forma de fazer política, apesar de reconhecer que seu primeiro mandato como prefeito de nossa cidade foi muito bom, e os outros mandatos ficaram a desejar .
Tem um ditado que diz: “Tão importante como saber a hora de começar é saber a hora de parar”. Acho que ele não deveria ter sido candidato nesta última eleição. A sede dele pelo poder, às vezes faz com que ele fique cego. Acho que agora ele deveria se concentrar na recuperação de sua saúde, pois já deu sua contribuição como político na nossa cidade. Deve dar oportunidades para que outras pessoas mais jovens, com projetos novos, com idéias novas, possam contribuir para o desenvolvimento de Quixadá.
Corroborando com essa ideia, faço a seguinte pergunta: qual a necessidade dele ser candidato ao PED (Processo de Eleições Diretas do Partido dos Trabalhadores) em Quixadá no mês de novembro? Será que em Quixadá não teríamos um outro representante do partido para exercer esse cargo?
Por esta e outras razões que interpreto que enquanto ele tiver esse pensamento egocêntrico e centralizador, não percebo nenhuma possibilidade de acordo com o político Ilário Marques.
JAIME ARANTES – Que avaliação o Senhor faz da atuação do atual presidente da Câmara Municipal de Quixadá, Pedro Baquit, e da Câmara de Vereadores como um todo?
RICARDO SILVEIRA – Quando o atual prefeito ganhou a eleição, conversei com ele sobre a câmara municipal e disse a ele que achava que a câmara municipal estava bem representada pelo ex-presidente, que era o Kleber Júnior, e como ele era um prefeito inexperiente, era importante uma câmara municipal sintonizada, organizada, e sugeri que mantivesse o mesmo presidente, pois ele era uma pessoa experiente e que vinha fazendo um excelente trabalho, inclusive, devolvendo dinheiro aos cofres municipais.
Tinha receio que algum vereador incompetente assumisse a presidência e prejudicasse o andamento das atividades nessa casa legislativa, e infelizmente é o que está acontecendo.
Em relação aos demais vereadores, acho que estão desempenhando seus papéis a contento.
JAIME ARANTES – O Senhor pretende concorrer ao Legislativo Estadual nas próximas eleições? Também, pensa em se tornar no futuro Prefeito de Quixadá?
RICARDO SILVEIRA – Nesta última eleição tive a oportunidade de conhecer todos os bairros, distritos e principalmente de ter conhecido muitas pessoas na nossa cidade.
Hoje posso dizer que tenho conhecimento dos principais anseios da nossa população e, por conta disso, fiz um ciclo de amizades muito grande, e isso contribuiu para percebermos as insatisfações que muitas pessoas estão tendo com nossos atuais representantes, e acredito ser importante que surjam novas pessoas interessadas pela política.
Atualmente, faço parte de um grupo de amigos em Quixadá, e democraticamente acatarei toda e qualquer decisão desse grupo, mas minha particular intenção nesse momento é de não ser candidato a Deputado e trabalhar para que tenhamos um candidato novo, com determinação e principalmente compromissado com o povo de Quixadá, para podermos melhor representar nossa população na Assembléia Legislativa.
FIM DA ENTREVISTA
Ricardo Silveira fez questão de dizer sobre o BLOG JAIME ARANTES: “Tenho acompanhado suas publicações nas redes sociais, e tenho apreciado e concordado com a grande maioria delas.”
Espero que tenham gostado de mais esta entrevista. Não esqueçam de comentar abaixo o que acharam dela. Em breve será anunciado o nome do próximo participante do GENTE DA GENTE.