Quixadá: UFC realiza colação de grau e entrega 44 novos profissionais ao mercado de trabalho

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Se tem uma coisa que talvez seja consenso entre todo mundo que já fez um curso superior presencial é que, nesse período, passamos por uma transformação. Ou seja, como a própria construção da palavra denota, trata-se de uma formação baseada no movimento (trans), no “ir além”. Nesse sentido, permitir transformar-se tem a ver com assumir a mudança como um valor fundamental de nossa própria existência. Na solenidade de colação de grau do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Quixadá, ocorrida na quarta-feira (13), 44 concludentes celebraram a transformação.

“O que resume todo esse tempo é aprendizado e evolução. Porque a gente chega aqui de uma forma, a gente pensa que é uma coisa e ao longo dos anos a gente vai vendo que é outra totalmente diferente. A gente chega como uma pessoa e sai como outra pessoa. Então, esses anos de UFC, para mim, foram isso, transformação, evolução”, diz Weydla Alves da Silva, agora graduada em Design Digital. Ela diz que na UFC adquiriu visão de mundo, cultura, conhecimento, experiências, amizades. “Tudo isso me deu uma bagagem enorme, que vou levar para minha vida. Então, sou totalmente outra pessoa, sou transformada”, reforça.

Natural de Iguatu, ela saiu da cidade natal deixando a família e um emprego obtido por concurso público e foi sozinha para Quixadá, mesmo sabendo que enfrentaria várias dificuldades (como de fato enfrentou, principalmente de ordem financeira). Por que alguém em sã consciência faria isso?

“Porque eu sempre tive o sonho de ser formada na Universidade Federal. Na minha cidade tem outras universidades, mas eu não queria. Eu queria a Universidade Federal”, responde Weydla. Ela já traça novos planos, pensa em novos lugares, pois, “nesse maravilhoso jogo de autoconhecimento, sempre tenta novos movimentos, para se ver diferente nessa transformação”, como diz o escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) em seu livro Êxtase da transformação.

TORNAR-SE ADULTO – Outro que relata as transformações pelas quais passou é Higor da Silva Camelo, concludente de Engenharia de Software. Ele conta que, quando veio de Fortaleza para estudar em Quixadá, estava acostumado até então a viver “sob as asas dos pais”. Com a nova vida, teve de aprender a se virar sozinho.

“Com o tempo, felizmente eu consegui ‘desenrolar’. Ainda passamos por dois anos de pandemia, o que foi bem complicado. Mas acho que todo esse tempo, além da questão de conhecimento técnico e acadêmico, teve também um crescimento pessoal, onde a gente vai aprendendo do que gosta, do que não gosta, e vai se tornando, de fato, um adulto”, elabora.

FAZER A DIFERENÇA – E no caminho para transformar nós mesmos, muitas vezes precisamos também provocar alterações em um cenário que já está posto, a fim de abrir caminhos para novas vivências. Assim fez Bianca Precebes, concludente de Ciência da Computação, que muitas vezes era uma das únicas mulheres em sala de aula, algo infelizmente ainda comum nos cursos da área de tecnologia.

“No início foi chocante, porque, às vezes, eu me via em salas de aula que só tinham duas meninas, eu sendo uma delas. Eu não senti dificuldade em relação ao pessoal, para acompanhá-los ou na forma como eles enxergavam a gente. Fui bem acolhida. Mas realmente foi chocante eu chegar e não ter tantas mulheres na área. Então, continuar na área sendo uma mulher e fazer essa diferença é para mim muito importante”, enaltece.

VIVER EXPERIÊNCIAS – A oradora discente da noite, Deigela Lima Rufino, aproveitou intensamente seu período na graduação e, em seu discurso, relatou a importância das experiências acumuladas. Ela foi beneficiada por diferentes tipos de bolsas durante o curso e participou de uma série de projetos que, segundo ela, despertaram seu interesse para a pesquisa e possibilitaram o surgimento de ideias inovadoras.

“Sou profundamente grata a Deus por ter me permitido viver experiências tão enriquecedoras. […] Superamos os desafios que testaram nossa força e perseverança e hoje celebramos essa vitória. Que o futuro nos traga ainda mais conquistas grandiosas e que possamos seguir em frente como profissionais humanos, aplicando conhecimento com a empatia e a resiliência que construímos até aqui para transformarmos o que pudermos nesse País”, desejou.

LEMBRANÇA – O orador docente da cerimônia, Prof. Valdemir Queiroz Neto, fez referência aos icônicos monólitos de Quixadá para parabenizar os concludentes pela força e resiliência que tiveram para concluir o curso. E pediu que os egressos tenham sempre em mente aquilo que viveram na Universidade e valorizem seus familiares e amigos. “Peço que lembrem por onde andaram. Lembrem de onde vocês vieram e daqueles que sonharam com vocês formados anos atrás e, hoje, sentem a emoção incontida dentro do peito”, estimulou.

TRANSFORMAÇÃO DE LEGADOS – Em seu discurso, o reitor Custódio Almeida pontuou que a universidade é onde as transformações só têm sentido quando são pensadas e vividas de forma conjunta. “A universidade nos ensina que educação é a partilha e a transformação de legados herdados do passado para nos tornar, conscientemente, o que já somos por natureza: animais sociais e políticos.”

“Eis aí o sentido público, coletivo e universal de universidade: fazer-nos entender que se existirmos apenas para nós, nunca encontraremos o sentido da existência. Precisamos realizar o universal nas nossas ações individuais e nas nossas profissões. Se nossas ações individuais só realizarem o particular, perdemo-nos do processo de humanização e nos perdemos de nós mesmos”, advertiu o reitor, que também chamou a atenção para a necessidade constante de defesa da universidade.

O ciclo de colações de grau referente ao período 2024.1 retorna no dia 21 de novembro, com a solenidade do Campus de Crateús.




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