Monólitos Post

Prefeito, secretários, vereadores e assessores embarcando para Curitiba (Foto: Redes sociais)

O gerenciamento dos serviços públicos é regido por princípios que devem ser observados obrigatoriamente por todo e qualquer gestor. Segundo o artigo 37 da Constituição Federal, “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Isso significa que o Poder Público só pode fazer aquilo que for moldado na Lei e na Constituição. Fora dessas regras, a conduta do gestor poderá ser controlada e punida pelo Poder Judiciário.

Desde que o ex-presidente Lula foi preso para cumprir mais de 12 anos de cadeia por crime de corrupção, o prefeito Ilário Marques (PT) tem demonstrado publicamente uma postura inquieta e nervosa. Muitos comentam que o prefeito já abandonou a cidade, que está completamente esburacada e desgovernada, em troca de dedicação a uma campanha para tentar tirar o seu amigo e companheiro de partido da cadeia nem que seja na marra, já que não é normal alguém ser preso para cumprir pena e sair da prisão antes de atingir o requisito temporal para obter o benefício da progressão do regime fechado para o semiaberto. Se não houver um golpe contra a Justiça, Lula deverá puxar aproximadamente dois anos de cadeia em regime fechado até passar para o regime semiaberto, se apresentar bom comportamento.

Desde que Lula foi levado para o cárcere, o prefeito não parou e vive dias tensos: foi para a manifestação em São Paulo preparada para tentar evitar que o ex-presidente se entregasse; foi para um movimento apelidado de “lula livre” nos Municípios de Morada Nova e de Quixeramobim; promoveu um movimento com uma grande estrutura em plena crise, na Praça do Alto São Francisco na noite desta sexta-feira (27) denominado de “acampamento lula livre”, fez uma carta para Lula ler na cela da Polícia Federal, viajou para Curitiba neste domingo com uma comitiva de aproximadamente 20 pessoas. Há quem entenda que as razões para Ilário ser tão fiel a Lula se deve ao fato de que o prefeito aprendeu com o chefe como se deve cuidar do dinheiro público.

Na realidade, não dá para esconder de ninguém que Ilário Marques tem se destacado mais em se empenhar para tirar Lula da cadeia do que nos assuntos da prefeitura. Para complicar mais as coisas, alguns fatos tem chamado a atenção dos quixadaenses: prefeito, secretários e vários empregados da Administração Municipal são vistos diariamente postando diversas fotografias e textos nas redes sociais durante o horário de expediente normal, configurando-se, assim, o uso indevido de serviços custeados ou subvencionados pelo Poder Público. Além disso a população questiona: quem bancou a viagem dessa comitiva para Curitiba?

Para se ter uma ideia, na sexta-feira (27), dia normal de trabalho e quando o município ainda se encontrava em greve de servidores por falta de reajuste, o prefeito divulgou nas redes sociais uma carta que pretende entregar pessoalmente ao Lula. Na carta, Ilário diz que vai a Curitiba em nome dos quixadaenses. Porém, assim que a referida carta foi publicada, foi grande a decepção da população e a reação negativa das pessoas foi imediata. Um dos internautas logo contestou e respondeu indignado: “Alto lá prefeito! O Sr. Prefeito está em missão particular ou partidária e não pode falar em nome de todos os quixadaenses. Essa carta apoiando um condenado da justiça não me representa, faça suas visitas em solidariedade por você, por seu partido ou apoiadores, mas não use o nome de todos os quixadaenses. Repudio  essa atitude do Sr. Prefeito de Quixadá porque não representa os verdadeiros interesses da cidade e sim interesses partidários e eleitoreiros. DIGO NÃO A ESSE APOIO AO LULA, QUEM COMETE CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO QUE PAGUE PELOS SEUS ERROS”.

Na verdade, os quixadaenses sentem uma mistura de sentimento de repulsa com sentimento de impotência diante de tudo isso. Mas é bom que se diga que não se ver a população dando apoio a essa campanha, uma vez que somente uma minoria formada por cargos comissionados e por demais pessoas beneficiadas pela gestão é vista fazendo submissamente o que o prefeito ordena.

Quando um prefeito é eleito para governar um Município a população espera que ele leve a sério a responsabilidade para cuidar dos recursos públicos. É incompreensível uma pessoa se valer do cargo ocupado e da máquina pública municipal para promover, de forma sistemática e engenhosa, uma campanha para afrontar uma decisão judicial que determinou a prisão de um corrupto.