Todos os dias somos desafiados a ser criativos e a ter novas ideias. Nas universidades nossos professores nos instigam a ter criações novas sobre assuntos antigos, e nas empresas os gestores valorizam aqueles funcionários que se destacam com abordagens novas que geram grandes resultados.
E ai vem à tona uma famosa frase de um renomado rei antigo: “Não há nada de novo debaixo do sol”. O que o rei Salomão joga na nossa cara é que nada daquilo que venhamos a criar achando que é novo, realmente o é, e que não passamos de ladrões de ideias, sejam essas ideias oriundas da natureza ou de um bate-papo no cafezinho da empresa.
No Brasil, a LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 protege os direitos autorais de uma praga empresarial e acadêmica que ainda tira o sono de muita gente: o ladrão de ideias. É aquele cara que pinça um comentário seu no café ou aquele aluno que cita um texto sem identificar o verdadeiro autor, ou quem sabe alguém que te convida para um almoço para trocar ideias e, na reunião de diretoria, pimba…. apresenta uma solução ou ponto de vista qualquer como se a ideia tivesse surgido dele, na sua frente, sem o menor constrangimento.
Já vi casos que terminaram em briga e discussão acalorada por conta disto, mas as pessoas deveriam notar que, às vezes, um ladrão de ideias até pode trazer benefícios. Vejamos.
1) Se a ideia veio de você, normalmente ela terá por objetivo ajudar no seu trabalho, melhorar seus resultados ou lhe trazer maiores ganhos de dinheiro. Então, se no final a coisa for aceita, pouca diferença faz quem vendeu o peixe. Passadas as glórias e a euforia inicial, quem acaba ganhando é você.
2) Convencer os pares a apoiar um projeto que não foi deles não é tarefa fácil. Se tem um ladrão de ideias no meio, a tarefa será ainda mais árdua, afinal, se ele não conseguiu roubar, normalmente tentará fazer de tudo para destruí-la. Mas no caso do furto, a situação se inverte e você passa a ter um importante aliado. Como o ladrão passa a ser o “autor”, não vai poder jogar contra o projeto. Um a menos para você ter que convencer. De novo, quem acaba ganhando é você.
3) Há chances de a ideia roubada – que você achou que era boa – no fundo se mostrar uma tremenda “roubada”. Como você estruturou todo um pensamento para chegar à solução original, vai também perceber antes de todo mundo quando a coisa se encaminhar para dar em um fracasso. Não se desespere. Quando o barco estiver perigosamente a pique, o ladrão vai ser cobrado por uma solução. Como o melhor que ele normalmente tem é pegar ideias prontas, não vai saber sair da enrascada. Se você elaborou toda a coisa no início, e viu as variáveis que fizeram a coisa desandar, provavelmente será capaz de formular uma nova saída. É o retorno triunfal. Na próxima reunião de diretoria, quando o chefe perguntar se alguém tem alguma solução para sair da crise – e como normalmente ninguém gosta de assumir a bronca – o caso vai cair no seu colo de volta. Apresente sua solução vencedora e saia com pontos junto a equipe. No fim das contas, advinha quem ganha?
É preciso uma boa dose de resiliência e pragmatismo, mas não se desespere. Ladroes de ideias bem utilizados fazem um bem danado. E lembre-se: “Não a nada de novo debaixo do sol”.
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- Formado em Administração de Empresas pela Faculdade Católica Rainha do Sertão
- Sócio proprietário da Fortune Consultoria e Treinamentos.