Não é sem razão que foi aberta uma ampla discussão acerca da instalação de um curso de medicina no Sertão Central do Estado. O curso é estratégico para o desenvolvimento econômico e social dos dois municípios que o disputam: Quixadá e Quixeramobim.
Independente de onde ele venha a ser finalmente instalado, é certo que a região como um todo colherá dividendos. A disputa dos dois municípios é apenas pela mordida maior na fatia dos benefícios.
Importante como sejam as análises em torno desta questão do curso de medicina, parece que outro tema urgente está distante do debate público, ou pelo menos não recebeu ainda a atenção que merece. Trata-se da questão da seca. Daquela que pode se tornar a maior seca já experimentada pela região nos últimos cem anos.
Já foi anunciado pelo Governo Estadual que recursos milionários serão investidos na construção de uma adutora para assegurar o abastecimento do município de Quixeramobim a partir do açude Pedras Brancas, que hoje é responsável pelo abastecimento de Quixadá.
Uma oscilação estranha nos números da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) entre os dias 18 e 26 de junho mostrava que houve uma carga d’água capaz de elevar o volume do Pedras Brancas de 15.31% para 19.16%. Uma pergunta incômoda: alguém viu a chuva? Na última medição exposta no portal hidrológico do Ceará, o açude aparece com 19.03% do seu volume total, algo realmente preocupante. Por que?
Preocupante porque a redução no volume do açude – abastecendo apenas Quixadá – foi de quase 10% em apenas um ano. Quando a adutora começar a funcionar, a extração de água será praticamente dobrada. Acrescente-se a isto que a previsão da própria Funceme é de mais um ano de seca no Ceará em 2016.
A lógica mais simples, portanto, aponta para o fato de que a solução para o problema do abastecimento de Quixeramobim, assegurada pelo poder executivo estadual, é meramente paliativa. Aliás, pode acabar agravando o problema num curto espaço de tempo, deixando os dois municípios – Quixadá e Quixeramobim -, perigosamente desabastecidos.
Não, não é incorreto socorrer Quixeramobim. O que parece muito errado é não desenvolver um projeto capaz de assegurar o abastecimento contínuo da região e continuar explorando a seca como moeda de troca entre sofredores sedentos e maquiavélicos palacianos.
Ao que tudo indica, a região do Sertão Central quer sim demonstrar apreço pela instalação de um curso de medicina. O que não parece muito útil a ninguém por aqui é que a promessa seja assinada no meio de um deserto.
Por Gooldemberg Saraiva
(bergsaraiva@gmail.com)
Provavelmente o Sr. não entendeu o sentido do texto. De modo algum ele é uma manifestação contra a instalação do curso de medicina no Sertão Central. Trata-se tão somente de uma chamada de atenção para o tema da SECA e da pouca utilidade que é um investimento destes numa região sem água. A questão da água é uma questão séria, que merece ampla reflexão e redobrado cuidado. Não existe pedido no texto para priorizar a questão da seca em detrimento da questão do curso. A abordagem é pelo cuidado zeloso dos dois temas. Seca não vai ter para sempre, claro. O que pode haver com insistente continuidade é a exploração da seca para fins meramente políticos. Tomara que o Sr. tenha entendido, e que mude urgentemente de opinião sobre o valor e a urgência deste debate. Grande abraço e obrigado por interagir conosco!
E vai ter seca para todo o sempre? Este tipo de “texto” mostra o que você são e o desserviços que vocês prestam a sociedade.