O deputado Fernando Hugo (PSDB) criticou, na manhã desta quinta-feira (14/10), na sessão plenária, as declarações da candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, sobre a descriminalização do aborto.
Hugo citou que matéria da revista Veja desta semana mostra que Dilma declarou, em outubro de 2007, ser a favor da descriminalização do aborto. “E só agora, depois que viu a poeira ciscar no chão, resolveu dizer que o aborto é um ato de violência contra a mulher. Ou seja, ela desmentiu o que ela mesma disse”, comentou.
Para ele, o aborto é um crime “perverso e desconectado de tudo que seja humanismo comportamental”. Conforme Hugo, todo ano morrem 100 mil mulheres, no Brasil, vítimas do abortamento. “Imagine se o aborto fosse legalizado. Teríamos uma mortandade imensa em nosso País. O PT deveria admitir o erro e dizer a verdade, ao invés de ficar mentindo”, acusou.
Segundo ele, no Programa Nacional de Direitos Humanos do PT existe um item defendendo a descriminalização do aborto no Brasil. “Aliás, nesse tratado existem coisas que preocupam a todos, como também o fato da imprensa ser fiscalizada por conselhos e a tendência a legalizar o casamento entre homossexuais”, disse, acrescentando que “não era homofóbico”.
Fernando Hugo também criticou o pronunciamento do deputado Ronaldo Martins (PMDB), dizendo que o parlamentar havia ficado “em cima do muro” com relação às declarações de Dilma. “Quero lembrar ao deputado Ronaldo que a igreja sempre esteve presente em qualquer feito de política no Brasil. Basta lembrarmos das Cruzadas, que foi o maior de todos os levantes religiosos que tivemos. Portanto, ao contrário do que ele disse, a Igreja não deve ficar fora do debate”, declarou. Hugo disse que era “católico e que as declarações de Dilma, bem como o tratado do PT, causam desconforto em quem é cristão”.
Hugo acusou, ainda, a candidata Dilma Rousseff de ter mentido com relação ao seu currículo. “Ela se autointitulou doutora, sem ser. Pelo menos é o que mostra nos programas eleitorais”, disse, acrescentando que a ex-ministra também se mostrou a favor de Erenice Guerra.
Em aparte, o deputado Ronaldo Martins disse que “havia apenas feito um apelo para que os candidatos à presidência não envolvam os cristãos em boatarias e priorizem os debates”.
Já o deputado Artur Bruno (PT) disse que a candidata do seu partido não propõe uma mudança no Código Penal no que diz respeito ao aborto, que é considerado crime no País. “Mas o povo não é besta, não vai se enganar com esse tipo de discurso”, ponderou.
Já o deputado Welington Landim (PSB) disse que a discussão sobre o aborto, na campanha, era “pequena”. Landim afirmou que é preciso tratar de temas relevantes para o País, como a transposição do São Francisco, “que o candidato do PSDB, José Serra, é contra”. O deputado Cirilo Pimenta (PSDB) disse que, durante a campanha, o PT vem primando pela baixaria. “Eles dizem abertamente que o PSDB é contra o Bolsa Família e que criaram o Luz para Todos, o que são duas mentiras. Mas a Dilma está caindo nas pesquisas e vai perder essa eleição”, finalizou.
FHC desafia Lula para uma conversa ‘cara a cara’ após fim de mandato
Principal alvo de críticas do PT no programa eleitoral, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desafiou nesta quinta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma conversa “cara a cara”, quando o petista “puser o pijama”.
Dizendo-se vítima de mentiras, FHC disse que Lula foi mesquinho ao não reconhecer o legado do PSDB e assumir a paternidade da estabilidade da moeda.
“Estou calado há muitos anos ouvindo. Agora, quando o presidente Lula vier, como todo candidato democrata eleito, de novo, perder a pompa toda, perder o monopólio da verdade, está desafiado a conversar comigo em qualquer lugar do Brasil. No PT que seja”, discursou FHC.
Segundo FHC, não é para enumerar as ações de cada governo. “É para ter firmeza, olhando cara a cara do outro, ver dizer as coisas que diz fora do outro. Quero ver o presidente Lula que votou contra o real, que fez o PT votar contra o real, dizer que estabilizou o Brasil. Não precisa disso. Lula fez coisas boas, que reconheço. Agiu bem na crise atual, financeira. Para que, meu Deus, ser tão mesquinho? É isso que eu quero perguntar para ele. Por que isso, rapaz? Você pegou uma boa herança. Usou. Aumentou. E o Serra vai usar as duas. Vai usar as duas. Vai fazer mais.”
“Não vamos ficar de mesquinharia, não. O que for bom vai continuar. Começamos as bolsas. Por que o Serra não vai aumentá-las? Aqueles que necessitarem. Não bolsa política, não.”
Ao defender o concurso público, ele disse que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, entrou na Petrobras sem concurso público, durante o governo militar.
“Eles querem os apaniguados. Nós queremos a meritocracia. Cada um vai ter que se esforçar e será recompensado pelo o que fez. Não queremos um Brasil de preguiçosos, não queremos um Brasil de amigos do rei, não queremos um Brasil de companheiras tipo Erenice.”
Em discurso a integrantes do PSDB, FHC chamou a petista Dilma Rousseff de duas caras e negou que tenha pregado a privatização da Petrobras, como a candidata acusou no debate da Band:
“Agora, vêm falar que eu queria privatizar a Petrobras. Quem é esse [Sérgio] Gabrielli para falar isso comigo, meu Deus? Fui presidente da República. Ele tem que me respeitar”, afirmou FHC, dizendo que foi processado por ter defendido a Petrobras. “Perdi uma cátedra.”
Ele atacou o aparelhamento político da Petrobras. “A Petrobras perdeu já 20% de valor de mercado sob a batuta dessa gente porque o mercado percebeu agora, custou mas percebeu, que tem ingerência política.”
Ao falar das acusações do PT, FHC disse que os adversários “estão muito nervosos” por causa do segundo turno. “Caíram da cadeira. Nunca imaginaram que iriam ao segundo turno. O Lula sempre foi para o segundo turno. Por que a Dilma não iria? Só que agora ela vai às cordas com o nosso voto”.
No evento organizado pelo PSDB de São Paulo –mas sem a presença de José Serra– FHC acusou o PT de uso político da máquina pública e mais uma vez, disse que não passou a mão na cabeça de aliados, de “aloprados”.
Tomando o cuidado de afirmar que o pijama seria transitório, FHC sugeriu uma conversa entre os dois, a exemplo das visitas que fazia a Lula em São Bernardo do Campo.
“Presidente Lula, terminadas as eleições, quando você puser o pijama, não sei o que vai por, o que vai fazer, será bem recebido. Venha ao meu instituto. Vamos conversar cara a cara”, disse.
Ao falar das acusações contra Serra, alfinetou: “Não venham com história. O nosso candidato é homem de palavra, de coragem. Chega a ser turrão. Não fica mudando de opinião só para ter voto, não.”
P.S.:http://www1.folha.uol.com.br/poder/814820-fhc-desafia-lula-para-uma-conversa-cara-a-cara-apos-fim-de-mandato.shtml?skin=folhaonline&user=20349&done=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Fpoder%2F814820-fhc-desafia-lula-para-uma-conversa-cara-a-cara-apos-fim