O PSDB já tem interlocutores estaduais com o PV nos três maiores colégios eleitorais do País para conseguir que as bases de Marina Silva apoiem a candidatura de José Serra no segundo turno. O PT, por sua vez, admite o favoritismo dos tucanos na disputa em Minas, Rio e São Paulo e pretende aproximar as lideranças verdes dos seus governadores já eleitos. Já Serra prentende costurar pessoalmente uma aliança com o PV e Marina, embora os tucanos trabalhem com a hipótese de que ela prefira ficar neutra no processo.
Mirando o eleitorado que abandonou Dilma e migrou para Marina, os serristas estudam formas de convencer essa parcela, que evitou o tucano, a votar no seu candidato.
No Rio de Janeiro, o PSDB conta com Márcio Fortes – vice de Fernando Gabeira na disputa ao Palácio da Guanabara – para manter a inclinação dos verdes em fazer campanha por Serra no Estado. Embora Gabeira já tenha afirmado que apoia pessoalmente Serra, não pretende se envolver nesta relação do PSDB com Marina. O candidato à presidência também mantém boa relação com o deputado federal eleito Alfredo Sirkis, presidente do PV do Estado.
Em Minas Gerais, o PV compõe com o senador eleito Aécio Neves desde 2003. A candidatura de José Fernando nestas eleições buscava somente melhorar o desempenho dos deputados. Ao final da campanha, Fernando se reuniu com Aécio e Antonio Anastasia e sinalizou que não haveria grandes dificuldades para a aproximação em Minas.
O presidente do PV mineiro, Ronaldo Vasconcelos, já dá seus primeiros passos em direção ao apoio a Serra. “Convoquei para quinta uma reunião da executiva estadual para começar a discutir a participação do PV estadual e nacional na sucessão presidencial”, disse ao Terra. Segundo ele, José Fernando vai participar do encontro, o que aumentam as chances de fecharem um apoio estadual, mesmo que informal.
Em São Paulo, o médico Eduardo Jorge (PV) é secretário da prefeitura da capital e, segundo interlocutores próximos a Serra, seu nome já foi ventilado quando o assunto era Ministério do Meio Ambiente de um eventual governo do tucano. O próprio Serra cuidará da aproximação com o secretário e de Feldmann, contando com auxilio do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin.
O apoio do ex-candidato ao governo de São Paulo Fábio Feldmann é tido como certo pelos tucanos, embora seja pouco significativo eleitoralmente, dado a votação inexpressiva que alcançou neste domingo. Ele é um dos fundadores do PSDB e ocupou cargos nos governos de Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso.
Na Bahia, a vice-presidente do PV local e coordenadora da campanha de Marina Silva no Estado, Carmem Reyes, disse que deve seguir a decisão da executiva nacional. “Devemos ter uma definição amanhã ou depois”, disse a representante do PV baiano. Para ela, o posicionamento mais provável deve ser a declaração de apoio à campanha de Serra.
Carmem entende que o voto em Dilma foi uma espécie de “voto de cabresto”, principalmente daqueles que hoje dependem de benefícios como o Bolsa Família. “E hoje as pessoas estão tão diminuídas que não querem perder o voto e tendem a escolher quem vai ganhar”, avaliou.
Em Pernambuco, os verdes também esperam uma convocação da direção nacional para participar das discussões sobre qual candidatura à Presidência receberia o apoio. O vereador do Recife e recém-eleito deputado estadual, Daniel Coelho (PV), acredita que a decisão deve tomar como base a postura de “independência” da sigla.
Embora o partido no Estado seja próximo ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que deu palanque a Serra no Estado, Coelho acredita que “a decisão tem que ser nacional”. E completou: “acho que o partido tem que tomar cuidado e preservar nossa independência. Conseguimos marcar uma posição e mostrar que nosso projeto é diferente do projeto do PSDB e PT, que são muito parecidos”.
Fonte: Terra