Os constantes assaltos a bancos do Interior acontecem não por acaso. As quadrilhas agem sempre em cidades onde o efetivo policial é reduzido e, muitas vezes, não existe nem delegacia.
Só nesse ano, foram dez ocorrências em localidades com esse perfil. O caso mais recente aconteceu na última terça-feira, 6, em Reriutaba, distante 290 quilômetros de Fortaleza.
Por lá, sete PMs precisam dar conta da segurança de 19.626 pessoas. A proporção é de um militar para cada grupo de 2.803 indivíduos – média 11,5 vezes abaixo da recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade diz que o ideal é a relação “um para 250”, segundo a Universidade de São Paulo (USP).
Apesar de preocupante, a situação dessa cidade da Região Norte nem de longe se compara à de Pedra Branca. Com 42.055 habitantes, o lugar conta com apenas três policiais militares de efetivo próprio. Para cada PM, 14 mil indivíduos – índice 56 vezes inferior à meta da ONU. Em janeiro, esse município do Sertão Central, foi alvo de bandidos.
Em abril, Saboeiro também sofreu com a ação de assaltantes. Nas ocorrências do dia-a-dia, os 16.806 moradores pedem socorro a apenas três militares. Cada um cobre área correspondente a 5.602 pessoas. Vinte e duas vezes menos que a estimativa da Organização.
A escassez de tropa afeta também Monsenhor Tabosa, cenário de um assalto a banco semana passada. São somente seis PMs para uma população de 17.117. Em Banabuiú, com agência bancária assaltada em janeiro, e Piquet Carneiro, com registro idêntico em junho, a proporção é de um policial para cerca de 2.800 moradores.
Senador Pompeu e Nova Russas detêm melhores taxas dessa relação: um policial para 1.179 pessoas e um PM para cada 592 indivíduos, respectivamente. A imprensa não teve acesso aos dados dos destacamentos de Orós e Palhano, municípios que fecham o rol dos que registraram ocorrências em bancos.
O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Monteiro, admite a fragilidade do sistema. Contudo, cita a incorporação de 1.700 homens recém-saídos do curso de formação. “Vai melhorar bastante a situação do Interior”, prevê.
Já o comandante de Policiamento do Interior, coronel Milton Freire de Andrade, aposta na entrega de 300 novas viaturas prometidas pelo Governo do Estado. “Quando se trata de uma grande diligência ou de uma perseguição, por exemplo, nós somamos esforços com outros destacamentos. Mas, para os trabalhos de rotina, os homens são mesmo poucos”, disse.
Fonte: O Povo