Já não é tão garantido assim o apoio da bancada do PSDB que viabilizaria a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria possíveis irregularidades no processo licitatório para a reforma do estádio Castelão.
Ontem, o candidato tucano ao Governo do Estado, deputado Marcos Cals (PSDB), afirmou que o PSDB ainda não possuiu posicionamento sobre o caso. “Eu entendo que a gente tem de discutir democraticamente. Se nós sempre pregamos o diálogo e a decisão democrática, então vamos ouvir toda a bancada”, defendeu.
O posicionamento de Cals vai de encontro à opinião do deputado João Jaime (PSDB), que, na terça-feira, afirmou que a bancada tucana iria assinar o requerimento para a criação da CPI, de autoria do deputado Heitor Férrer (PDT). “É uma questão grave, tem de ser investigada. Não podemos colocar tudo para debaixo do tapete”, argumentou.
Para Cals, entretanto, o que há é uma “tendência” para que os tucanos assinem o documento. Mas o candidato não perdeu a oportunidade de alfinetar o Governo. Na linha do “quem não deve, não teme”, sugeriu que a atual gestão processe a revista Veja, autora da matéria que denuncia possível favorecimento para um dos consórcios que disputam o contrato para reforma do Castelão.
“Entendo que os representantes do Estado do Ceará, nesse momento, precisam dar satisfação. Eu, se estivesse na gestão, chamaria a minha procuradoria, entrava logo com um processo de danos morais à imagem do Estado e do povo do Ceará, para mostrar a minha indignação”.
O deputado Luiz Pontes (PSDB) segue a mesma linha. “Entendemos que a CPI é uma responsabilidade muito grande, e é um instrumento muito importante para o Parlamento. Então, precisamos analisar todas essas questões e tomar uma posição”, afirma, ressaltando que a bancada “fechará questão” até amanhã.
Apesar da postura reticente dos neo-opositores, Heitor Férrer garante que o líder da bancada tucana, João Jaime, continua firme. E voltou a defender a necessidade de abertura da CPI. “Eu não considero uma comissão parlamentar de inquérito uma coisa de outro mundo”, afirma.
O requerimento que pede a abertura da CPI ficou pronto ontem e possui quatro assinaturas: a do próprio Heitor Férrer e de outros três parlamentares. São eles: Adahil Barreto e Vasques Landim, ambos do PR, e Cirilo Pimenta (PSDB), que nem esperou a deliberação da bancada de seu partidos. São necessárias ainda outras oito assinaturas.
Entre os argumentos do documento, a ausência, no processo licitatório, “de análises técnicas sobre pesquisas de preços máximos e mínimos, projeção de fluxo de caixa e da contraprestação pública a ser desembolsada, e o resultado econômico-contábil suportado, ao final, pelo Estado do Ceará”.
Fonte: O Povo