Dono da Monkey, que teve mais de 60 unidades, diz que modelo de negócio foi superado
A primeira e única restante unidade da Monkey – pioneira rede de LAN houses no país – encerra suas atividades nesta quinta-feira (1º), em São Paulo. A loja, que fica na alameda Santos, foi a última que sobrou no império do empresário Sunami Chun, que fundou a empresa em 1998 e em 2003 chegou a ter mais de 60 lojas espalhadas pelo Brasil (algumas próprias e outras em sistema de franquia).
Com o passar dos anos, a internet em domicílio começou a crescer no Brasil e a venda de computadores e de serviços de banda larga também apresentavam sinais de popularização. No entanto, o criador da Monkey explica que outros fatores contribuíram para que sobrasse apenas a unidade-símbolo da rede.
– O maior inimigo que eu enxergava era a falta de jogos criados especialmente para esse perfil de entretenimento em rede. Quando o Counter Strike se tornou moda, foi ele que ajudou a popularizar as LAN houses. A gente sabia também que uma hora ele ia deixar de estar na moda. Até investimos em campeonatos, mas o fato de não ter uma associação de LAN houses, de não ter outra grande rede que pudesse junto descobrir essa nova moda, não permitiu a renovação. E daí, o mercado explorou até a exaustão a fórmula do Counter Strike.
O game ao qual Chun se refere surgiu em 1999 e é baseado em tiroteios. LAN houses do mundo todo cresceram a partir do sucesso desse jogo e as competições entre grupos de fanáticos por CS foi surpreendente.
Outro impeditivo para manter o grupo Monkey forte em seu ramo foi a informalidade de todo o setor.
Mário Brandão, presidente da ABCID (Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital), diz que a ilegalidade de alguns estabelecimentos é consequência da falta de medidas mais organizadas por parte do governo. Ele explica que das 108 mil LAN houses existentes no país, só 1% é legalizada.
– A informalidade é fruto da burocracia e da falta de legislação coerente para as LAN houses. Para quem investe em máquinas de qualidade e com programas originais, sempre caros, fica difícil concorrer com estabelecimentos informais que às vezes nem têm registro. Os modelos se multiplicaram. Hoje, há casas para jogos em rede, outras focadas no acesso à web. O mercado saturou.
Chun cita outros dois problemas: a falta de segurança e a ignorância de muitos governantes. Houve casos de filiais que foram assaltadas diversas vezes seguidas, até que as empresas de seguro se recusaram a oferecer seus serviços. A unidade de Uberlândia (MG) precisou ser fechada, devido a uma legislação local que classificava a LAN como casa de jogos e determinou que todos os estabelecimentos desse tipo estavam proibidos.
As diversas forças que atrapalharam a Monkey não foram suficientes, de acordo com Sunami Chun, para tirar seu orgulho como empreendedor.
– A LAN house hoje é um dos fatores de inclusão digital, de grande parte do Brasil e eu me sinto muito responsável por esse movimento todo.
Fonte: R7