AÇUDE DO CEDRO: Omissão de autoridades poderá ser alvo de ação no MPF

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O Açude do Cedro foi um dos primeiros grandes reservatórios hídricos do Brasil, construído ainda pelo Governo Imperial. A ordem de construção foi dada por D. Pedro II, em decorrência do grande impacto social provocado pela seca de 1877- 1879.

De valor histórico e cultural incalculável, o patrimônio sofre com o descaso e a vergonhosa omissão das autoridades em relação ao vandalismo que o desfigura. Crianças e adolescentes criaram o perigoso costume de saltar na água a partir dos pilares que sustentam as correntes de proteção da passarela da barragem. O resultado disso é prejuízo econômico, desarmonia estética e risco à segurança dos visitantes. A restauração de cada pilar danificado custa R$ 1.000,00 ao Governo Federal e, mesmo assim, dá para notar as diferenças em relação aos originais.

Em declaração recente ao Diário do Nordeste, o administrador do açude, Almir Benício, colocou parte da culpa nos próprios turistas. Ele disse: “Os principais responsáveis são os próprios turistas, oferecendo dinheiro para os meninos saltarem na água fazendo acrobacias. Acabam causando um prejuízo ainda maior.”

Além do acima, o Açude sofre com a ação dos vândalos que picham rochas e peças históricas.

961988_502850579828875_1916475141_nA novidade é que, conforme o Presidente da Associação de Imprensa do Sertão Central (AISC), Wanderley Barbosa, a associação tem planos de entrar com uma ação no Ministério Público Federal para exigir que a omissão cesse, e que o Açude do Cedro tenha o cuidado que merece. Wanderley Barbosa disse: “É impressionante a falta de vergonha dos nossos representantes, fechando os olhos para a destruição da nossa história. Em ano de eleição, os políticos sempre prometem que vão fazer alguma coisa e nunca cumprem com a palavra. Ao meu ver, isto é estelionato eleitoral.”

O Presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Quixadá, Dr. Gladson Alves, afirmou que depois do recesso de fim de ano, a defesa do Açude Cedro será sua primeira empreitada junto à Procuradoria da República em Limoeiro. “Estaremos convocando todas as entidades quixadaenses, representação de classe, associações, enfim, todos os interessados, para uma empreitada em prol da defesa do Açude Cedro, que, infelizmente, vem sofrendo ações covardes de vândalos”, afirmou.

A barragem é propriedade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), e também está sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Prefeitura Municipal de Quixadá.

Cultura do descaso

1533906_623107614425755_2109743943_nNão são poucos os visitantes que vem admirar a beleza do lugar e que acabam fazendo comentários acerca do descaso com que o patrimônio é tratado. Julia Lemos e Arthur Moreno, casal de Chapecó, Santa Catarina, ficaram tristes ao verificar que, na prática, não existe nenhum suporte ao turista no local. “Gente, nem banheiros decentes tem aqui”, comentaram. “É absurdo que toda essa beleza não seja melhor aproveitada”, acrescentaram.

De fato, o que se verifica em relação ao Açude do Cedro é uma cultura de descaso adotada pelas autoridades. Apenas um vigia resguarda todo o local, a fiação elétrica foi roubada há uma década e nunca foi reposta, e não existe um serviço fixo de limpeza do local. Na prática, o parque histórico mais importante da região está entregue à própria sorte.

Açude foi a primeira represa pública no Brasil

A construção do Açude do Cedro teve início no ano de 1890. A ordem partiu do imperador Dom Pedro II, em decorrência do grande impacto social provocado pela seca de 1877 – 1879. Entretanto, a obra só foi realizada pelos primeiros governos republicanos do Brasil, e concluída após 16 anos, em 1906. Foi a primeira represa pública construída em território brasileiro. De acordo com historiadores, a construção nunca foi inaugurada oficialmente. A barragem, propriedade do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), tem capacidade para 125.694.000 m³. O superdimensionamento da barragem do Cedro em relação ao potencial da sua bacia hidrográfica faz com que suas sangrias sejam raras. Em toda sua história, sangrou apenas seis vezes. O reservatório dispõe de locais para banho, pescaria e para prática de esportes náuticos. Também possui uma extensa rede de canais para irrigação, a primeira construída no Ceará. Hoje, não abastece mais a cidade de Quixadá. A partir de praticamente toda a sua extensão é possível ver a Pedra da Galinha Choca, considerada cartão postal do município. O seu conjunto arquitetônico foi tombado em 1977 como patrimônio nacional.

Para ler a reportagem publicada no Diário do Nordeste sobre o assunto, clique aqui.

Fotos da ação dos vândalos:

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