Não tenho fé suficiente para ser ateu (Parte 2) – O Argumento Cosmológico Kalam

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O fato de que o universo teve uma causa é, obviamente, um grande problema para o ateísmo.

Darei sequência obedecendo ao que foi estabelecido na PARTE 1, a saber, não usarei a alegada autoridade religiosa organizada (até porque não sou membro praticante de nenhuma religião) e nem a Bíblia, restringindo-me apenas a argumentos de cunho filosófico e lógicos, apontando para evidências disponibilizadas pelo conhecimento científico moderno.

Lembre-se apenas de que não estou propondo dialogar sobre o caráter de Deus, mas apenas sobre a sua existência. Alguns de seus atributos, porém, podem acabar despontando por consequência da análise apresentada. Outra coisa: visto que preciso ser o mais sintético possível, em nome da causa da brevidade, não explorarei a fundo cada aspecto do argumento. Vamos lá.

Argumento Cosmológico Kalam

O Argumento Cosmológico Kalam oferece uma boa razão para acreditarmos na existência de Deus. Este argumento sugere que deve ter havido uma causa primeira para o universo, daí a referência ao cosmos, ou kós-mos, em grego. Esta causa para o universo será necessariamente atemporal, imaterial e pessoal, como veremos. Todo o argumento se baseia na Lei da Causalidade.

Na versão mais conhecida hoje, o Argumento Cosmológico Kalam é este:

  1. Tudo o que começa a existir tem uma causa para sua existência.
  2. O universo começou a existir.
  3. Portanto, o universo tem uma causa para sua existência. 

PONTO 1

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Logicamente, se algo COMEÇA a existir é porque há uma causa anterior à sua existência. O universo começou a existir há cerca de 13,3 bilhões de anos. O que havia antes do universo para tê-lo causado?

A veracidade da premissa número 1 pode ser facilmente constatada, e ninguém até hoje, ao meu ver, ofereceu argumentação capaz de refutá-la suficientemente.

Logicamente, se algo COMEÇA a existir é porque há uma causa anterior à sua existência.  Um bolo, por exemplo, é o efeito do trabalho de alguém. Um bolo é causado por alguém. Uma motocicleta começa a se mover numa velocidade de 120 km/h, e este movimento é causado por um conjunto mecânico (motor e demais partes). Tudo, enfim, que começa a existir tem uma causa.

Este é o chamado princípio ex nihilo nihil fit (do nada, nada procede) e é, talvez, mais certo do que tudo na filosofia. Nenhum indivíduo racional duvida sinceramente deste princípio. Tenho por verdadeira a premissa número 1.

PONTO 2

Há algum tempo, os ateus se utilizavam da ideia de que o universo seria eterno, que ele sempre existiu, para sustentar o entendimento de que não havia necessidade de um criador. Atualmente, porém, a ciência refuta de cabo a rabo tal concepção, até mesmo dando uma idade aproximada para o cosmos, de 13,3 bilhões de anos.

Considere alguns bons argumentos a favor do entendimento de que o universo começou a existir:

  • A segunda Lei da Termodinâmica.
  • A comprovada expansão do universo.
  • A detecção da radiação do Big Bang.

De acordo com a segunda Lei da Termodinâmica, se o universo não tivesse tido um início, se fosse eterno, hoje ele já deveria estar num estado de morte térmica, ou seja, seria um lugar frio, escuro, diluído e sem vida. Não está assim ainda, portanto, não pode ter se passado uma eternidade, mas teve início.

O universo está em expansão, o que foi descoberto em 1929 através do uso do telescópio Hubble. Se rebobinássemos, por assim dizer, um filme contendo o processo de expansão do universo, veríamos que num certo momento ele entraria num estado de densidade insustentável cuja análise desembocaria no óbvio: o entendimento de que, antes de começar a expandir-se, o universo simplesmente não existia.

A radiação do Big Bang, isto é, a luz e o calor emitidos pelo disparo inicial do Big Bang, foi descoberta em 1965 por Arno Penzias e Robert Wilson. É uma prova de que o universo não esteve num estado de eterna passividade, mas que começou a existir.

Creio que podemos considerar como verdadeira, então, a premissa número 2 e afirmar que o universo começou a existir. Isto nos leva, logicamente, à conclusão do argumento.

PONTO 3

Precisaríamos negar algumas das mais importantes descobertas científicas para afirmar que o universo não começou a existir. E precisaríamos negar a própria racionalidade para afirmar que, se ele começou a existir, não foi causado. Ex nihilo nihil fit (do nada, nada procede). O universo começou a existir e, portanto, segue-se que teve uma causa.

O fato de que o universo teve uma causa é, obviamente, um grande problema para o ateísmo. Esta causa, por ser anterior ao tempo, só pode ser eterna, isto é, atemporal. Por ser anterior ao espaço, só pode ser não espacial, infinita, a suprema realidade; e por ser anterior a tudo o que existe, só pode ser de natureza imaterial. A esta causa, com estas características, chamo de Deus.

Muitos ateístas, por sua vez, seguem um verdadeiro artigo de fé que dita que o universo surgiu do nada. Estou justificado a dizer que, diante das evidências lógicas e científicas de que dispomos, são eles, os ateus, que precisam de mais fé do que eu.

“Ora, se tudo o que existe tem uma causa, quem causou Deus?”, talvez pergunte. Em outras palavras: quem criou Deus? E porque se pode dizer que esta causa não é simplesmente uma coisa de natureza impessoal? Estas perguntas serão abordadas na PARTE 3 da série NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU. Não deixe de acompanhar. Conto com você.

SÉRIE: Não tenho fé suficiente para ser ateu

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15390729_1326133494093184_3751846619284145365_nPor Gooldemberg Saraiva

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Comentários

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  1. “Deus existe na imaginação de cada um. Se a humanidade deixar de existir consequentemente Deus também deixará de existir.

    Como você sabe que Ele não existe fora da sua mente? Não tem como. Aliás, não somente Deus, mas TUDO AO SEU REDOR pode apenas ser fruto de sua mente; pode apenas existir em sua imaginação. Por que parar só em Deus? A existência de um mundo real à parte de nossa mente é uma crença que tomamos como certa sem comprovações científicas.

    Você disse que acha os ateus fortes porque eles não sentem necessidade de acreditar em algo como vida após a morte. E quem disse que acreditar em vida após a morte é sinal de fraqueza? Eu vejo que você deveria refletir com mais precisão sobre o ateísmo, pois se você tem vontade de ser atéia, é porque ainda não refletiu mesmo no quanto o ateísmo é pobre e não tem nada a oferecer.

  2. Eu admiro os ateus, acho-os fortes. Pois só os fortes e bastante fortes, não sentem a necessidade de acreditar em uma vida após a morte. Eu bem que gostaria de ser ateia mas não consigo.

  3. Acredito que a sua consciência está em divida com o divino senhor autor, sua palavras demostram entre linhas o seu desprezo e a duvida pelo criador, os castigos tardaram mas não falham.

  4. Deus existe na imaginação de cada um. Se a humanidade deixar de existir consequentemente Deus também deixará de existir.

  5. “O fato de que o universo teve uma causa é, obviamente, um grande problema para o ateísmo. Esta causa, por ser anterior ao tempo, só pode ser eterna, isto é, atemporal.”
    Não tem problema em ser Atemporal, pois no início de tudo não existia tempo. Não esqueça da Teoria da Relatividade.
    “Muitos ateístas, por sua vez, seguem um verdadeiro artigo de fé que dita que o universo surgiu do nada. Estou justificado a dizer que, diante das evidências lógicas e científicas de que dispomos, são eles, os ateus, que precisam de mais fé do que eu.” leia isso aqui meu amigo: http://deusesehomens.com.br/cosmologia/item/357-o-universo-surgiu-do-nada . Um artigo bem simples que explica muitas coisas.

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