Quando o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, assinou a ordem para que a primeira barragem pública do país fosse erguida no município de Quixadá, no Sertão Central do Ceará, lá no ano de 1890, a Ficus Benjamina, da família Moraceae, já dominava imponentemente o cenário. Ao lado dos gigantescos monólitos, foram estas belíssimas árvores que recepcionaram os primeiros trabalhadores que chegaram ao canteiro de obras.
Se tivessem memória e pudessem falar, estas árvores seriam capazes de contar cada detalhe da história de mais de um século deste município e, mais especificamente, de tudo o que se passou durante os anos da construção do hoje internacionalmente conhecido Açude Cedro, que pode, inclusive, ser em breve indicado a Patrimônio da Humanidade.
Assim, é fácil perceber que as árvores centenárias possuem incalculável valor, não apenas de natureza histórica, mas também para o equilíbrio e preservação de toda a flora e fauna nativas. Refletindo este conceito, em 1977 a área na qual elas estão localizadas foi tombada como patrimônio de todo o povo brasileiro. Na teoria, pois, deveriam ser protegidas, conservadas e zeladas como riquezas intocáveis da nação. Na prática, porém, estão entregues ao esquecimento, desprezadas como se fossem objetos descartáveis, substituíveis e, inclusive, sem relevância para a memória e identidade popular.
CUPINS, OCUPAÇÃO HUMANA E DESCASO: AMEAÇAS CONSTANTES
Cupins
Por dezenas de anos os isópteros, popularmente conhecidos como cupins, foram os principais inimigos das árvores no entorno do açude, e ainda são uma ameaça. Várias delas foram deterioradas ou completamente destruídas por esta ordem de insetos.
Não há notícia de que entidades governamentais tenham, em algum momento, empreendido esforços para impedir a proliferação dos cupins nas árvores que, noutros tempos, margeavam e produziam sombra ao longo da alameda que se estende desde o arco de entrada da área protegida até o acesso imediato à barragem. Em nossa visita ao local, em preparação para esta matéria, vimos de perto que algumas das maiores sobreviventes estão infestadas de cupins.
Ocupação Humana
Outra séria ameaça à preservação não apenas das árvores centenárias, mas de toda a flora do local, é a sempre crescente ocupação humana. De fato, apesar da vedação legal à ocupação da área tombada, é cada vez maior a presença fixa de pessoas ali, com a consequente exploração do espaço e seus efeitos sobre a flora nativa.
Um exemplo típico de ocupação humana de largo impacto sobre a flora que circunda o Açude Cedro são as instalações da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE).
As instalações consumiram significativa quantidade de espaço da área protegida e prosseguem em expansão. As obras obrigaram à remoção de uma quantidade substancial de árvores de menor porte, diminuindo o espaço natural à fauna nativa. Como se pode ver na foto abaixo, uma das árvores centenárias, localizada na entrada das instalações da Universidade Federal do Ceará, foi cortada no tronco. Outras estão caídas ao chão após terem sido consumidas pelo cupim ou simplesmente foram queimadas depois de mortas. Todos os incêndios causados na área podem ser considerados criminosos, mas nunca foram plenamente esclarecidos.
Consultado durante a preparação desta matéria, o Diretor Geral do IFCE, Helder Caldas, explicou que dentro da área do campus não está havendo desaparecimento gradual das árvores centenárias. “Nós preservamos todas e somente foram retiradas para a implantação dos blocos didáticos as árvores invasoras”, afirma. “Seria um contrassenso nós termos um curso de Engenharia Ambiental e estarmos fomentando a destruição das árvores nativas”, acrescenta.
O diretor da instituição ainda revela que o IFCE cultiva um viveiro que produz anualmente 60 mil mudas de árvores nativas. Segundo ele, algumas são plantadas no próprio local e outras doadas à comunidade. Apesar destes esforços anunciados, nenhuma mudança se vê no cenário de deterioração ambiental na área da alameda, fora do campus.
Exceto neste caso do IFCE, nenhuma outra instituição envolvida direta ou indiretamente no cuidado e preservação da fauna nativa do Açude Cedro respondeu nossas solicitações por informações.
Há, também, além destas instituições públicas, a exploração do espaço tombado por iniciativas particulares. Recentemente, aqui mesmo no Monólitos Post, o radialista Wanderley Barbosa denunciou a extração irregular de centenas de carradas de aterro, o que deixou uma grande cratera na área tombada, produzindo um enorme estrago no ecossistema local que, certamente, demandará muitas décadas para ser corrigido.
Descaso
Conversamos com o Senhor Lauro (71), que há 51 anos estabeleceu residência nas proximidades da alameda, bem antes dela ser tombada. Ele e a família atualmente zelam pelas instalações de um parque de exposições de animais de criação. Ele revela que já plantou dezenas de árvores no local, mas o descaso de quem poderia fazer muito mais pela preservação da fauna nativa trabalha na contramão de seus humildes esforços.
“Isso aqui era todo coberto de árvores de um lado e de outro. Desde a entrada até lá no final, não dava nem pra ver o que tinha atrás das árvores de tão fechado que era. Era bonito demais. Mas a falta de cuidado com essas coisas boas que Deus deixou aqui acabou desse jeito aí que vemos hoje. Tudo descampado, sem cuidado, esquecido pelas autoridades”, contou ele durante conversa em preparação para esta matéria.
De fato, o descaso com a fauna nativa da alameda do Açude Cedro é gritante e, com certeza, uma das maiores ameaças à preservação das árvores centenárias.
FUTURO INCERTO
Por todo o tratamento que as árvores centenárias da alameda do Açude Cedro tem recebido pode-se com facilidade apontar para sua completa destruição em pouco tempo. Trata-se, é claro, de um fluxo de eventos perfeitamente reversível, desde que estabelecidas as prioridades corretas. Se forem encaradas como fundamentais para qualquer futura exploração turística do espaço, talvez a proteção dos últimos exemplares da Ficus Benjamina possa ser levada mais a sério, e algum projeto de plantio continuado na alameda seja tentado.
Enquanto uma mentalidade mais compatível com a preservação ambiental não se torna realidade, Quixadá vai assistindo à lenta e gradual destruição das árvores centenárias da alameda do Açude Cedro.
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Autor: Gooldemberg Saraiva
(bergsaraiva@gmail.com)
Colaborou: Wanderley Barbosa
Quem das faculdades particulares paga tais matérias?
Deves é ter algum terreno grilado no entorno e tá querendo valorizá-lo.
Primeiro queremos agradecer pela sua importante opinião/critica do Dr Pseudo RAULINO FRAGA “ESPECIALISTA em PAEUDOLOGIA .
Nobre amigo, nas suas duas postagem você esqueceu de informar, QUAL FOI A SUA CONTRIBUIÇÃO para que nada do que registramos não tivesse acontecido? E se a UFC já existe lá a bastante tempo, a mesma tem também a responsabilidade de preservar o local ou não? Inclusive foi cometido um grave CRIME AMBIENTAL, pois foi tirando centenas de carradas de aterro de uma área preservação ambiental (REPARTIDORO – CEDRO) para construir os novos blocos da UFC, ou isso não é um grave CRIME AMBIENTAL? . Você como estudioso da área ambiental VOCÊ não viu isso não?
Primeiro nobre amigo, se você não sabe, vai ficar sabendo o IFCE, UFC e demais instituições que hoje habita aquela área, em um país sério, JAMAIS PODERIA estarem ali instaladas, pois se trata de uma área TOMBADA e de PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, por tanto não poderia ser construído NADA.
Agora, como o erro já foi concretizado, resta-nos apenas SUGERI que pelo menos vocês alunos (os futuros doutores) das duas instituições de nível superior, possam CUIDAREM ou fazerem CAMPANHA PERMANENTE para que o nosso patrimônio histórico não seja DESTRUIDO ou que pelo menos não se agravasse mais ainda o seu deplorável estado de conservação que se encontra HOJE, espaço esse, CANDIDATO a PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE, mas que facilmente encontramos a OLHO NU, papeis, garrafas plásticas e outras sujeiras produzidas por vários alunos destas instituições.
Ah! Quando aos pseudos repórteres ou comunicadores não tem nenhum importância esse titulo dado por alguém como que estar estudando para se especializar em PSEUDOLOGIA, alias, sugerimos a você a se dedicar mais aos seus estudos para poder aprender e DEPOIS somar com a sociedade, que aguarda OS FRUTOS DO SEU CONHECIMENTO acadêmico, pois somos NÓS QUE ESTAMOS PAGANDO SEUS ESTUDOS NÃO ESQUEÇA DISSO.
Digo ainda que as árvores nativas utilizadas na substituição/replantio ou plantio não são como o NIM INDIANO (Azadirachta indica), ou outras invasoras, que ficam frondosas em três anos. Queriam ver árvores como as que levaram cem anos pra crescer ou mais, crescerem em três anos?
É mais fácil encontramos pessoas de imensa consciência ambiental dentro dessas instituições do que:
nos veículos de comunicação local; nos prédios da administração municipal ou em certos centros de convivência com o semi-árido.
Um maior crime é deixar que devido ao descaso dado à necessidade de manejo dessas árvores,deixem que caiam nas cabeças dos alunos, o que seria mais grave. Grave também é um punhado de pseudo-repórteres quererem crescer às custas de algo que nãose conhece a fundo. No interior do Campus da UFC, foram plantadas mais de 60 mudas de árvores nativas (entre flamboiant, oitizeiro, pau-brasil e IPÊ pau darco) quantas árvores esses pseudo-comunicadores plantaram?
Lembrem-se, ainda, que, há muitos anos, os pseudo-comunicadores devem lembrar, existiam córregos provenientes das comportas do açude Cedro, que irrigavam tais árvores. Hoje essa água foi interrompida na altura do Centro de Convivência do Semi-árido, do também pseudo-ambientalista Osvaldo. Os Pseudo-especialistas em patrimônio e em plantas poderia listar ainda que alguns capachos de políticos estão GRILANDO as terras do DNOCS com pseudo-moradores com pseudo-agricultura familiar e queimando as árvores e deixando-as cair ou prestes a cair e causar acidentes a pessoas. É muita gente querendo aparecer!
quando descaso com uma paisagem como essa,deveria have mais respeito e cuidado com o lugar…
Que pena ver estes patrimonio tão valioso da nossa beleza natural,poren nos dias de hoje alguns não se dar de conta que nos ser,fazemos parte desta família natureza,mas as autoridades si empenhan para outros valores descartáveis da vida,porem esquecera da vida que lhes dar vidas!
É mais lamentável ainda a destruição que está ocorrendo também na área urbana desta cidade. Não devemos esquecer que as árvores da praças públicas e avenidas estão sendo muito maltratadas e mal cuidadas e até eliminadas. Será que não dá para a maioria das pessoas verem que com essas festas mundanas que ocorrem nas praças não há também algum tipo de destruição cumulada com a depredação do patrimônio do povo? Quixadá precisa de bons gestores e colaboradores, para tudo isso ser visto. Quixadá precisa de pessoas que a amem mesmo, porém não na base daquele dito fascista na época da ditadura que dizia aos brasileiros (Quixadaenses): Brasil, ame-o ou deixe-o. são as ações do fascismo-capitalista que vem destruindo as riquezas do Brasil e no mundo, e em Quixadá também existe muito é jogo de interesses…
Fiquei muito triste ao ver essa reportagem. Sou de Quixadá mais moro a 22 anos aqui no Rio de Janeiro deu uma dó no coração ver essas cenas aí. lembro de um tempo em que eu ia lá com minhas irmãs e tinha árvores dos lados mesmo. eu mim lembro sim. Quixadá não tem homem de vergonha não? como é que deixam o cedro ficar desse jeito? as faculdades são ótimas mais num tinha outro lugar pra enfiar essas caixas não? que pena. continuem iscrevendo sobre essas coisas. tomara que acorde esses irresponsáveis. bando de homem sem o fundo das calças!!!