Machu Picchu, no Peru, é considerada um dos mais importantes centros urbanos da antiga civilização inca. Por muito tempo foi tratada como a “cidade perdida dos incas”, tendo sua localização revelada ao mundo apenas em 1911, com a expedição do arqueólogo americano Hiram Bingham. Hoje movimenta o turismo na região e é tratada como Patrimônio da Humanidade.
Guardadas as devidas proporções, o município de Quixadá, localizado no Sertão Central do Ceará, também conta com riquíssimo material para exploração histórica e arqueológica. Numa das muitas elevações rochosas da chamada Terra dos Monólitos, por exemplo, há um sítio arqueológico com sutis semelhanças com a velha cidade peruana. Dezenas de pequenas cavernas dominam o cenário. Há mais de cem anos o local é conhecido por populares que moram nas proximidades, mas eles mantêm sua localização com muita discrição.
VISITA DE ARQUEÓLOGOS ESTRANGEIROS
Na década de 1970, arqueólogos vieram dos Estados Unidos para estudar o lugar. Eles já chegaram com mapas e fotografias feitas por satélite e conheciam detalhes do território quixadaense, deixando alguns sertanejos impressionados.
De acordo com os moradores mais idosos da região, os pesquisadores encontraram no local estranhos artefatos, bem como uma imensa quantidade de cerâmica trabalhada, obviamente, por povos antigos. Havia também recipientes para alimentação, martelos de pedra, cachimbos, e outros objetos que, apesar da evidente antiguidade, apontavam para uma sociedade bastante organizada e tecnologicamente desenvolvida, tal como era o caso dos “filhos do sol” do Império Inca, no Peru.
Muito deste material – inclusive dois objetos estranhos, semelhantes a capacetes petrificados e outras pedras parecidas com peças de encaixe rotatório -, foi catalogado e levado para os Estados Unidos. Curiosamente, os locais previamente apontados pelos equipamentos trazidos pelos americanos estavam marcados com pedras trabalhadas no formato de rústicas rosas-do-vento. Escavados, revelaram a existência dos estranhos objetos petrificados.
Como o local em que o sítio se encontra é de difícil acesso, sendo inviável a utilização de veículos motorizados para alcançá-lo, animais de carga foram usados pelos americanos para transportar algumas das peças mais importantes.
Apesar da extração – que não se sabe se foi autorizada pelas autoridades brasileiras da época – o material que ainda pode ser encontrado no local, embora relativamente escasso em comparação com o que havia nas décadas da primeira metade do século vinte, é conclusivo: membros de uma antiga civilização indígena habitaram o lugar.
MISTÉRIOS DO LUGAR
Como era de se esperar, relatos misteriosos, relacionados com as coisas deixadas pelos antigos moradores indígenas, tem sido passados de geração em geração. Alguns são de ‘arrepiar a espinha’.
Entre aqueles que conhecem o lugar, há quem conclua, por exemplo, que os antigos habitantes foram índios que tiveram contato com civilizações extraterrestres e que, por isso, teriam aprendido um modo de vida diferente dos demais habitantes da região. É claro que não há base científica para tal afirmação, mas há curiosidades que alimentam o imaginário popular. A propósito, Quixadá tem recebido inúmeras visitas de ufólogos que estudam exaustivamente o fascinante e misterioso território do município.
A própria localização do sítio arqueológico, no ponto mais alto da serra que os antigos habitantes escolheram para morar, causa certa estranheza. Não havia, por exemplo, como realizar o transporte fácil da água necessária à sobrevivência da quantidade evidentemente grande de pessoas que ali viveram. Também não há evidências da existência de projetos antigos de retenção das águas da chuva, apesar de esta ser a opção mais lógica quando se considera a questão.
Em contrapartida, do local é fácil visualizar a amplidão do horizonte nos quatro pontos cardeais, apontando para um provável favorecimento da vista para o céu, para as estrelas. Histórias assim foram sendo passadas dos pais para os filhos ao longo do tempo. Até que estudiosos deem uma explicação final, porém, permanece apenas o mistério.
MORTE APÓS CONTATO COM ARTEFATO
Outro exemplo de tais relatos misteriosos tem a ver com a morte de um homem que teve contato com uma espécie de “urna” deixada ali. O senhor José Augusto Pinheiro de Holanda (foto abaixo), atual proprietário do local, é quem descreve o que aconteceu.
Segundo ele, na década de 1960 um grupo de trabalhadores extraía madeira, principalmente o cedro, que já foi abundante na região. Um dos membros do grupo resolveu se afastar para caçar. Ele levava consigo apenas uma espingarda. Durante a caça acabou encontrando um misterioso artefato que até hoje é descrito como uma espécie de “urna”. O objeto era um pouco mais alto que o caçador e suficientemente largo para impedir que ele o abarcasse com os dois braços, o que foi tentado. O agricultor relata que o homem sentiu vontade de atirar uma pedra no objeto, mas foi tomado por enorme sensação de medo. Acabou fugindo do local.
Mais tarde ele contou o que tinha encontrado e os amigos combinaram de ir ao local na manhã do dia seguinte, já que estava anoitecendo. Mas para a tristeza de todos eles, o trabalhador que teve contato com a “urna” misteriosa acabou morrendo em um ataque epilético naquela mesma noite.
Dias depois da estranha morte, o dono da fazenda, Sr. José Augusto Holanda, pai do atual proprietário, convocou um grupo de homens para encontrar a urna, mas nunca obteve êxito. Até hoje – quase meio século depois do episódio -, o objeto permanece perdido, alimentando o imaginário de quem conhece a história.
EQUIPE DA FRANÇA DOCUMENTA O LOCAL
No último mês de abril, uma equipe francesa esteve visitando o lugar. Levados ao local pelo empresário Almeida, do ramo de hotelaria, eles fizeram registros fotográficos e gravaram vídeos que serão exibidos em canais de TV do país europeu. As histórias contadas pelos moradores da área, de fato, tem o efeito de impressionar os ouvintes.
A LOCALIZAÇÃO
O sítio arqueológico está situado na chamada Serra dos Macacos, na localidade de Ouro Preto, no município de Quixadá. A maior quantidade de artefatos históricos pode ser encontrada no ponto mais alto da serra, de propriedade da mesma família desde o ano de 1895, como relata o atual dono do lugar, o senhor José Holanda.
Conforme o presidente da Academia Quixadaense de Letras, João Eudes Costa, que documentou exaustivamente a história do município, o território de Quixadá foi habitado por índios Canindés e Jenipapos. Obviamente, porém, não há como afirmar de forma dogmática que os habitantes da Serra dos Macacos pertenciam a estes povos, especialmente em vista do conhecido costume destes grupos de migrar pelos leitos dos rios, e não de estabelecer morada nos isolados cumes das serras.
Na fauna do local destaca-se, ainda hoje, a grande quantidade de macacos-prego. Como não são caçados e se reproduzem com facilidade, há uma grande quantidade deles ali. Em décadas passadas, o cedro dominava a flora do território, mas após ampla atividade de extração, o cenário mudou completamente, deixando a árvore praticamente desaparecida.
Os relatos misteriosos contados pelos moradores da região, a significativa quantidade de artefatos históricos e a fauna e a flora do território são ingredientes que ensejam a possibilidade de que o espaço seja transformado, em breve, em Parque Arqueológico, com a finalidade de ser explorado na área do turismo. O sítio arqueológico da Serra dos Macacos é, indubitavelmente, mais uma das grandes riquezas do povo quixadaense.
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Foto Serra dos Macacos: Rostand Medeiros
Foto Macaco Prego: Gabriela Borges
Colaborou: Wanderley Barbosa
Colaborou: Almeida, do Hotel Pedra dos Ventos
Emilio silva você elucidou o caso. Quem souber onde fica o lugar. coloca o endereço do Google maps, pra quem mora longe pelo menos olhar pela internet o lugar. obrigado.
Eu estive la. Muito show
tive o prazer de estar nesse local com alguns amigos aventureiros, fizemos varias fotos do local e conservamos o local como achado, acesso muito difícil, com um grau de dificuldade imenso para chegar ao ponto certo onde os artefatos foram achados, estamos montando uma segunda expedição para quem desejar ir se aventurar nessa trilha mistica e maravilhosa, vale a pena conferir!!!
muito linda essa reportagem nasci nessa fazenda.
Cresci ouvindo estas histórias quando ia de férias para a fazenda Ouro Preto, a qual um dos herdeiros era meu padrinho o Stélio, irmão do Zé Augusto da reportagem. Parte do material tirado numa das primeiras expedições está em Fortaleza num museu que ficava em frente ao palácio da abolição. Certos índios do Brasil enterravam seus mortos em urnas funerários feitas de barro. Eu sempre quis ir lá, mas o pessoal local não queria, por um motivo ou outro. Andei muito por aqueles campos e acho difícil terem abrigado uma cidade como a de Machu Pichu, pelos simples fato de não possuirem recursos e nem rotas de comunicação como tinha o império inca. Habitavam índios brabos naqueles campos, um ou dois ramos dos tapuias: fortes, baixos e atarracados. O local onde estão as urnas é muito íngreme e, penso que é somente um cemitério pela descrição que me davam as pessoas de lá. Tem um fato concreto: só se encontram restos indígenas lá na serra. O meu pai que andou muito por lá nunca viu nada naqueles imensos campos, nem o meu padrinho e nem o Zé Augusto. Eu teria escutado algo naqueles bons tempos que passei por lá. Não deixo de pensar que os índios deixavam lá os seus mortos para estarem mais perto do céu de Tupã.
probablemente el círculo “quixada”, se extiende a Quixeramobim y otras localidades del entorno. El Circulo de Piedra es mucho más amplio, aunque en nucleo central y el círculo formado por los monolitos de Quixada, debe ser el centro de los círculos de megalitos.
É claro, óbvio e evidente que os norte-americanos NUNCA TIVERAM AUTORIZAÇÃO das autoridades brasileiras para explorarem e retirarem o material (arqueológico) do local!. Até porque (nossas autoridades NEM SABIAM DA EXISTÊNCIA DESSE SÍTIO).
Excelente matéria.
Maravilhosa reportagem. Quixadá é um município cheio de monumentos fantásticos da natureza. Quixadá tem que ser olhado até pelo governo federal, para trazer para cá grandes obras no ramo do turismo. Quixadá precisa ser descoberto pelo resto do mundo. Quixadá poderia se tornar um polo cinematográfico e ganhar muito com isso. Só lembrando: atualmente as faculdade particulares, estaduais e federais, e o IFCe está revolucionando o ensino, pois podemos dizer que agora todos tem acesso ao ensino superior e técnico….
Um grande matéria para o engrandecimento de nossa história tão abandonada. Eu tenho sempre pregado que nossa cidade, QUIXADÁ-CE, é uma terra abençoada por DEUS, pena que até hoje NENHUM gestor público tenha enxergado esse grande potencial TURÍSTICO. Mas como diz o adagio popular: “Água Mole pedra dura tanto bate até que fura”. O DESENVOLVIMENTO DE QUIXADÁ PASSA PELO TURISMO, um dia alguém vai entender.
Espetacular!!!! Parabéns pela reportegem. Em tempos de tantas coisas ruins ler sobre as riquezas da minha querida terra natal me deixa emocionado Moro em Boa Vista do Buricá no Rio Grande do Sul mas tenho parentes ai em Quixadá!!! Já mostrei sua reportagem a todos os meus colegas do trabalho!!! Parabéns de novo!!!
Parabéns pela a matéria.
Fascinante está reportagem, acho que precisa ser melhor documentada. A humanidade precisa tomar conhecimento destes fatos, parabéns.