Foi bastante simbólico que a população tenha tomado conhecimento de que a barragem do Açude Cedro foi indicada para compor a lista mantida pela UNESCO dos Patrimônios da Humanidade exatamente no Dia da Mentira. Até parecia uma daquelas pegadinhas costumeiras do 1º de abril. Não que o local não mereça ser incluído na lista. Na verdade, já deveria ter sido incluído. A grande contradição nesta questão não tem a ver com o real valor do local, mas sim com a maneira como o tratam: tudo ali é tratado como lixo, como algo de somenos importância, irrelevante, sem valor, descartável!
Nesta semana, por uma feliz coincidência, parte da equipe do Monólitos Post esteve visitando o lugar para compor um arquivo fotográfico. O que vimos ali nos deixou estarrecidos. Tudo em total estado de abandono. Um descaso criminoso, desanimador, absurdo e muito cruel com a memória cultural e histórica do povo brasileiro.
No interior de um destes espaços, encontramos uma máquina e instrumentos originais da época da construção da famosa parede. São objetos de enorme valor histórico abandonados ao nada. Numa sociedade mais sensível a estes valores imateriais, tais objetos já teriam sido restaurados e estariam expostos num museu, recebendo visitas de admiradores de todo o mundo. A única companheira de tais equipamentos, no entanto, é a ferrugem que os consome pouco a pouco.
O candidato a Patrimônio da Humanidade tem sido, até agora, símbolo de uma gente que não se preocupa com valores deste tipo, gente que não está dando a mínima para a conservação da própria identidade.
Em uma plaquinha afixada num dos casebres utilizados pelos primeiros trabalhadores se pode ler a seguinte frase: “Propriedade do DNOCS.” Bem, se isto é verdade – como evidentemente é – este órgão é tão desleixado com o patrimônio aos seus cuidados quanto um órgão pode ser! O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, de fato, parece não fazer nada pela conservação do lugar.
Curiosamente, ou as autoridades competentes fazem alguma coisa para recuperar, proteger e conservar o local ou, pela primeira vez desde 1972 – ano em que os membros da ONU assinaram a Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural – um lugar tratado como lixo será indicado como de “valor universal excepcional”, um patrimônio de todos os povos!
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É vergonhoso essa situação como pode um abandono dessa natureza, o nosso povo quixadaense são tão bons e paciente, que isso em outro lugar já teria sido invadido, ai sim aparecia dono que fosse DNOCS, ou o diabo que fosse. falta de respeito com um equipamento de tamanho valor historico