Monólitos Post

O conjunto de fatores que levaram à consagração de João Hudson nas urnas, em 2012, é bastante extenso. Dentre os mais importantes, estava o sentimento da população de que uma renovação política no município precisava acontecer. Esperar perfeição do processo de renovação seria exagero, mas o que ninguém contava era que a administração seria tão limitada sob tantos aspectos. Realmente, a esperada renovação eficiente e produtiva não aconteceu. A história cuidará em deixar claro que João Hudson foi um experimento, não uma renovação.

Agora, o insucesso da atual gestão se deve a múltiplos motivos. Um dos mais importantes é que, em significativa medida, ela não se compõe das pessoas que a ajudaram a convencer o eleitorado. Secretários foram trocados em praticamente todas as pastas o tempo todo. Hoje, nem o vice-prefeito quer ser considerado muito envolvido com a administração. Não se sabe ao certo se João foi usado por algum tempo e depois abandonado, ou se se desviou do padrão prometido em campanha, obrigando essas pessoas ao portão de desembarque. O que está claro é que o prefeito não tem conseguido estabelecer e manter uma linha discernível de atuação, nem criar uma marca pessoal em torno de algum projeto de amplo impacto. A renovação simplesmente não ocorreu.

Sabedora de que a popularidade do prefeito anda em baixa, a velha guarda da política quixadaense está rosnando aos quatro ventos e intenciona fazer sua campanha, em 2016, com base no sentimento de medo da renovação. Desejarão, a todo custo, convencer o eleitorado a usar uma venda e a não olharem de novo para as razões que os convenceram, em 2012, a fazer a tentativa que fizeram.

Concordemente, ao que parece, as tentativas da velha guarda serão de vender à população o conceito de que renovar é perigoso. O processo de renovação, com seu experimento no meio, será retratado como indesejável, falho, monstruoso, prejudicial e impróprio. “Não troque o certo pelo duvidoso”, com certeza será muito ouvido na campanha do ano que vêm. É razoável tal abordagem e perspectiva? Não parece, e por alguns motivos muito simples:

(1) As circunstâncias dos tempos não são as mesmas. A experiência que os velhos políticos afirmam ter não necessariamente é fator garantidor de alguma coisa diante dos novos cenários.

(2) O eleitor talvez não aceite ser iludido para deixar de analisar nomes e condutas em prol da promoção de um mito, de uma lenda, de uma história que quer, a todo custo, repetir-se.

(3) O sentimento prevalecente talvez seja o de não desistir de Quixadá. E não desistir de Quixadá significa não desistir do que o município precisa. E o que ele precisa, convenhamos, é de renovação, não de mais do mesmo. Por mais doloroso que o processo de renovação seja, por mais que tenha havido experimentos falhos, isto não significa que o projeto de renovar deva ser abandonado em favor de um saudosismo baseado em mero apego partidário ou, pior, no medo. Porém, até que ponto vale o sacrifício pela renovação é algo que só ao eleitor caberá julgar. O dado concreto é que salvadores da pátria só existem na imaginação. Ninguém tem fórmula mágica para resolver as demandas. Valerá muito, portanto, observar a honradez e tentar compreender as motivações de cada um que se oferecer para governar esse braseiro apagado.

Não se pode desconsiderar, também, que ainda restam dois anos praticamente completos para que a atual gestão chegue ao fim. Até lá, espremendo bem, é até possível que surpresas aconteçam. Independente disto, o atual prefeito entrará para a história como experimento, não como renovação.