Monólitos Post

A crise financeira no município de Quixadá, tendo os atrasos salariais como pano de fundo, são reflexos das escolhas feitas pela própria gestão do prefeito João Hudson.

Ao contrário do que se pensa, o caso nem é tão complexo. É até simples, se analisado de forma objetiva. O fato é que Quixadá recebe e gera recursos plenamente capazes de manter o seu funcionalismo. O que compromete as finanças neste município, a exemplo do que ocorre em diversos outros no Estado, é principalmente o inchaço na Folha de Pagamentos.

A Prefeitura de Quixadá mantém 4.261 pessoas lotadas em suas 20 repartições, com salário médio de R$ 1.785,56. Com este povo todo, João Hudson gastou nada menos do que R$ 60.866.000,00 entre os meses de janeiro a agosto deste ano, o que equivale a 48,68% da Receita Corrente Líquida. Não foi de surpreender que a Lei de Responsabilidade Fiscal colocasse o município em estado de alerta.

Muitos se perguntam qual é o motivo de os prefeitos transformarem a folha de pagamentos em uma corda para o próprio pescoço. O motivo é simples: sustentação política. Ao se depararem com crises políticas, os chefes dos executivos precisam buscar sustentação. Eles recorrem aos vereadores, sem os quais é impossível governar.

Ocorre que a vereança não faz nada de graça. Todos buscam favores para seu eleitorado visando a perpetuação no poder. Querem a titularidade de secretarias e autonomia para empregar apoiadores. Desta forma, os prefeitos em crise se obrigam a aceitar esse sistema absurdo sustentado pela legalidade da reeleição sem limites para o parlamento municipal. Alguns vereadores se mantém na Câmara por mais de uma década, às vezes até duas. E o ciclo de troca de favores que gera o inchaço na folha de pagamentos se mantém indefinidamente.

No caso específico de Quixadá, o prefeito João Hudson precisa demitir com urgência. Do contrário, suas limitações para realizar qualquer coisa, para deixar qualquer legado, persistirão. Não dá para alimentar uma baleia com 1 Kg de ração.

A história que podia estar sendo contada em Quixadá era a de servidores satisfeitos, salários em dia, rádios e sites elogiando a organização das finanças, etc. Mas com tanta gente para receber dinheiro, a situação não pode ser diferente.

João precisa demitir e os vereadores precisam entender que não é viável sugar tanto. Ou demite e enxuga a folha, mantendo depois disso um número razoável e possível de servidores, ou não deve esperar nada mais além de críticas e o fim do reinado em 2016. É muito melhor um funcionalismo de qualidade, mas pequeno, bem fiscalizado e motivado, do que uma máquina gigantesca e ineficaz, que no final das contas produz exatamente o que se deseja evitar com sua manutenção: morte política.